À descoberta da Maurícia: turistas portugueses duplicam num ano

Não há voos directos, mas os turistas portugueses parecem ter descoberto as ilhas da Maurícia: não só são mais do que no pré-covid como duplicaram de 2022 para 2023. O Governo da Maurícia quer mais.

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Volume de turistas na Maurícia duplicou num ano DR
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Mauritius beach aerial view of Gabriel and Flat Island in Bain Boeuf, Grand Baie, boat trip
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“Temos tantas coisas em comum: não só o mar, mas o calor [humano], que é o mais importante, a hospitalidade”, destacou Prithvirajsing Roopun, presidente da Maurícia, durante a sessão de apresentação do destino a jornalistas e operadores turísticos com que terminou a visita de Estado a Portugal, a convite do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.

“Vim de um encontro com entidades representativas de vários sectores nos quais esperamos cooperar, incluindo o turismo, mas este continua a ser a ponte ideal sobre a qual todos os outros se podem juntar”, afirmou esta quarta-feira, lembrando que uma boa experiência no destino, um bom acolhimento, é essencial para, a seguir, “falar de negócios”.

E no que ao turismo na Maurícia diz respeito, o mercado português está numa “tendência crescente”, destacam, com os números a duplicarem de um ano para o outro. “Não há voos directos entre Portugal e a Maurícia, por isso temos enfrentado muitas dificuldades a chegar ao mercado mas, apesar disso, o que vimos nos últimos dois anos é que os números não são grandes, mas duplicaram”, sublinhou Arvind Bundhun, director da entidade de turismo da Maurícia.

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“Só na capital, num raio de 500 metros, pode-se encontrar um templo [budista], uma mesquita, uma pagoda e uma igreja” DR

Se em 2019, que foi “o melhor ano” turístico para a Maurícia até ao momento, visitaram o arquipélago insular cerca de 1500 portugueses; em 2022, o valor subiu para 2500 e, no ano passado, duplicou para 5000, aproximadamente. De acordo com o director do Turismo da Maurícia, umas das razões poderá estar na tendência crescente de concentrar a maioria das ligações de longo curso em hubs e fomentar a visita a dois destinos numa só viagem com stopovers. “Se olharmos para os números dos portugueses, por exemplo, estes chegam através da Emirates ou da Turkish Airlines, por isso numa única viagem podem visitar o Dubai ou Istambul.”

O Governo da Maurícia, no entanto, quer mais turistas portugueses. “Uma lição que aprendemos com a covid é que não podemos pôr todos os ovos no mesmo cesto”, lembra Prithvirajsing Roopun. Só o mercado francês representa 30% dos turistas na Maurícia, actualmente, seguido do Reino Unido. “Existe esta necessidade de diversificar. E vimos a Europa de Leste a dar-nos números muito bons, vimos Portugal crescer”, aponta Arvind Bundhun. “Há um grande potencial nestes pequenos mercados, por isso é que estamos a criar maior visibilidade.”

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A gastronomia de fusão traduz a multiculturalidade do arquipélago DR
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As ilhas são famosas pelas praias mas existe muito mais natureza a descobrir DR

A visita de Estado a Portugal foi um pontapé de saída para “estimular” as relações entre os dois países e, quem sabe, criar condições para que, no sector privado, surja um voo directo (“Não vai acontecer do dia para a noite, mas percebemos que havia esta necessidade de encorajá-lo – que forma vai ter, só o tempo o dirá”) ou um grupo hoteleiro português a investir num novo empreendimento turístico na Maurícia. “É um ecossistema que temos que criar”, lançou o presidente do arquipélago localizado no Oceano Índico, a cerca de 900km de distância de Madagáscar e 2000km de Moçambique.

Uma coisa é certa: com 1,2 milhões de habitantes para 1,3 milhões de turistas, o objectivo “não é crescer em números”, mas diversificar e apostar na qualidade, frisou Arvind Bundhun, lembrando que a Maurícia “têm sido sempre um destino de luxo”. “Enquanto um pequeno Estado insular em desenvolvimento, sentimos muito o impacto das alterações climáticas. Importamos 80% dos recursos, comida e tudo, não temos minerais nem outros recursos, por isso temos de ter muito cuidado no caminho que queremos seguir na indústria do turismo.”

Famosas pelos seus areais banhados por águas cristalinas, protegidas pelos recifes de coral, as ilhas da Maurícia querem mostrar que são “praia e para além da praia” (Beach and beyond the beach, um dos slogans turísticos, em inglês), com uma grande diversidade cultural (“Só na capital, num raio de 500 metros, pode-se encontrar um templo [budista], uma mesquita, uma pagoda e uma igreja”), e que se traduz numa “gastronomia de fusão” que mistura as diferentes influências. Mas também um destino de actividades de natureza e aventura, resorts (e golf), e quatro classificações como Património Mundial da UNESCO – Aapravasi Ghat e a Paisagem Cultural de Le Morne, além da dança Sega e o folclore Bhojpuri do Geet-Gawai. Há ainda na história do país, um toque português: terão sido os primeiros navegadores europeus a desembarcar no arquipélago, no início do século XVI.

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