Situação no INEM “é muito mais grave” do que o que tem vindo a público, diz sindicato

Sindicato dos Técnicos de Emergência Pré-Hospitalar diz que a emergência médica no país “está hoje em pré-colapso” e que só não avançou ainda com uma greve para “não piorar” a situação.

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Sindicato fala em atrasos superiores a uma e duas horas no envio de ambulâncias Paulo Pimenta (arquivo)
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O presidente do Sindicato dos Técnicos de Emergência Pré-Hospitalar (STEPH) afirmou esta terça-feira que a situação no INEM "é muito mais grave do que o que tem vindo a público" e admitiu a convocação de uma greve.

"A situação no INEM é muito mais grave, infelizmente, do que o que tem vindo a público. Nós recebemos denúncias diárias de atrasos superiores a uma hora e a duas horas só no envio de ambulâncias. Diariamente estão várias dezenas de chamadas nas centrais do INEM para serem atendidas à espera de uma resposta, o que tem consequências directas na vida e, infelizmente, na morte dos portugueses", afirmou Rui Lázaro, após uma reunião com a coordenadora do BE, Mariana Mortágua.

Na véspera do ex-presidente do INEM, Luís Meira, prestar esclarecimentos na comissão parlamentar da saúde sobre a situação que se vive dentro da instituição e que contribuiu para que se demitisse do cargo, alegando "quebra de confiança" nas relações com a tutela, Rui Lázaro alertou que "ou se inicia já esta retoma, este inverter da degradação que se tem verificado, ou as consequências vão piorar nos próximos dias". "Estamos numa altura de verão, numa altura em que os serviços de emergência médica são muito solicitados. As medidas são para ontem, porque amanhã pode já ser tarde", alertou.

O responsável avisou que a emergência médica no país "está hoje em pré-colapso" e que o sindicato ainda não avançou com uma greve "numa tentativa de não piorar" a situação.

Para este sindicato, é importante que "a tutela, nomeadamente através do reforço e da valorização da carreira de técnico de emergência pré-hospitalar, possa dar um sinal que seja suficientemente atractivo para atrair os técnicos" para os concursos.

"Os últimos concursos ficaram praticamente vazios. Não há melhora no tempo de resposta das ambulâncias, nem diminuição das chamadas de espera nas centrais, se a carreira destes técnicos não for valorizada. Portanto, será uma questão de tempo até agendarmos greve se nada for feito nos próximos dias, nas próximas semanas", frisou.

"Recurso excessivo ao privado"

Momentos depois, a coordenadora do BE, Mariana Mortágua, considerou que "a prestação da ministra da Saúde é um desastre". "Foram comprados conflitos com quase todos os sectores profissionais, com administrações hospitalares, com presidentes de institutos e instituições importantes do SNS, sem trazer nenhuma resposta e o que está em curso é um plano de privatização da saúde", criticou.

A coordenadora do BE, que esteve ontem reunida com diversos sindicatos do sector da saúde, representativos de médicos, enfermeiros, farmacêuticos, técnicos de emergência pré-hospitalar, entre outros, criticou a "atitude predatória do privado face ao público".

"O facto de o SNS recorrer de forma excessiva ao privado é um factor de desorganização do próprio SNS e é um factor de desperdício de recursos públicos do próprio SNS", considerou. Outra das conclusões que Mariana Mortágua disse ter retirado da reunião foi a de que "o plano de emergência apresentado pela ministra da Saúde não é plano nenhum e não resolve qualquer emergência".

A bloquista defendeu também que "não é possível resolver o problema do SNS sem carreiras e salários". "Sem carreiras o que se está a dizer é que o SNS cada vez mais depende de tarefeiros. Ora, os tarefeiros são uma fonte de desorganização do próprio SNS, como estamos cansados e cansadas de saber. E por isso, a terceira conclusão que sai desta reunião é a conclusão mais óbvia: para resolver o problema do SNS é preciso responder a carreiras e a salários das pessoas que trabalham no SNS", sustentou.