Roberta Metsola reeleita presidente do Parlamento Europeu

A maltesa do Partido Popular Europeu torna-se a segunda eurodeputada a cumprir dois mandatos consecutivos, mantendo-se no cargo por cinco anos.

Foto
Roberta Metsola obteve 562 dos 623 votos expressos, um resultado histórico de 90% RONALD WITTEK / EPA
Ouça este artigo
00:00
03:46

Pouco depois de declarar a abertura dos trabalhos da 10.ª legislatura do Parlamento Europeu, esta terça-feira, em Estrasburgo, a eurodeputada maltesa do Partido Popular Europeu, Roberta Metsola, foi eleita para um segundo mandato de dois anos e meio como presidente da única instituição europeia eleita por sufrágio universal – prometendo aos 720 membros da nova câmara “manter a pressão para assegurar o direito de iniciativa legislativa”, melhorar os poderes de escrutínio e “resolver outros desequilíbrios institucionais” com os outros órgãos da União Europeia.

“Este Parlamento não pode ter medo de liderar e de mudar. Não podemos aceitar que o nosso papel seja diluído. O parlamentarismo tem ser fortalecido”, afirmou Metsola, que se comprometeu a trabalhar para “garantir que o Parlamento Europeu possa ser a potência legislativa e política” que os tratados prevêem.

Roberta Metsola tornou-se a segunda presidente do Parlamento Europeu a ser reeleita para se manter no cargo durante cinco anos. A sua confirmação ocorreu logo na primeira volta da votação, em que obteve 562 dos 623 votos expressos: um resultado histórico de 90% que já era esperado, e que certamente dará alento à equipa da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, que enfrenta, esta quinta-feira, um teste mais difícil em Estrasburgo.

A eurodeputada espanhola Irene Montero, que foi a cabeça de lista do Podemos nas europeias e avançou uma candidatura à presidência do Parlamento na véspera do arranque dos trabalhos, obteve 61 votos.

No seu discurso antes da votação, a vice-presidente do grupo parlamentar d’A Esquerda resumiu o seu manifesto político em defesa de “uma Europa de paz contra o genocídio em Gaza e a ocupação ilegal da Palestina, feminista, verde, anti-racista e antifascista, de direitos para os trabalhadores e justiça social”.

Roberta Metsola apontou para a guerra de agressão da Rússia contra a Ucrânia e também para o conflito israelo-palestiniano como os dois maiores desafios de política externa que a UE tem pela frente. “O Parlamento Europeu continuará a ser o forte defensor de que a Ucrânia precisa, e não deixará de amplificar a voz do humanismo no Médio Oriente”, desenvolvendo todos os esforços para que seja possível encontrar uma “paz sustentável”.

“A guerra de agressão russa contra a soberania da Ucrânia mantém-se no topo da nossa agenda. Seremos chamados a fazer mais, e devemos estar preparados para ir além do que é confortável para defender a paz”, sublinhou a presidente do Parlamento Europeu na sua primeira intervenção no hemiciclo após a votação, na qual lembrou a “experiência” da União Europeia em “curar divisões aparentemente impossíveis”.

Para Metsola, essa será “a filosofia” que orientará a actuação do Parlamento Europeu em relação ao conflito no Médio Oriente, em que a prioridade é “pôr fim ao ciclo intergeracional de violência” e promover a solução de dois Estados, Israel e Palestina, a conviver lado a lado pacificamente.

Num discurso em que abordou quase todos os tópicos da campanha – competitividade, clima, transição digital, pilar social, migrações e asilo, direitos das mulheres e LGBTQI+ – Metsola pôs a tónica na defesa e segurança da Europa, para “contrariar os sonhos expansionistas dos ditadores da vizinhança [da Europa], derrotar as ameaças híbridas e defender a autonomia estratégica” da UE.

Depois de uma campanha agressiva, e que resultou num aumento das forças da direita radical no Parlamento Europeu – que nesta legislatura se dividirão por três grupos distintos, os Patriotas pela Europa, Conservadores e Reformistas Europeus, e Europa das Nações Soberanas, com um total de 187 votos, menos um do que a maior bancada do PPE –, Metsola também quis falar sobre “a polarização nas sociedades [da UE]”, e denunciar a conflitualidade e mesmo violência no campo político.

[Recuso as] respostas fáceis que dividem as nossas comunidades em nós e eles [e afastam e excluem as pessoas,] fomentando a raiva e o ódio em vez da esperança”, declarou a presidente do Parlamento Europeu. “Temos de ultrapassar este pensamento de soma zero e compreender que estas políticas fáceis não oferecem soluções reais”, considerou.

Sugerir correcção
Ler 19 comentários