J.D. Vance é a escolha de Trump para vice-presidente

Donald Trump anunciou na rede social Truth Social a escolha do republicano, outrora seu crítico e agora um dos mais fervorosos apoiantes, para a vice-presidência. J.D. Vance tem 39 anos.

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O senador do Ohio J.D. Vance, de 39 anos, foi o escolhido de Donald Trump para a vice-presidência Mark Peterson via REUTERS
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O senador do Ohio J.D. Vance é o escolhido de Donald Trump para candidato à vice-presidência na corrida de Novembro à Casa Branca. O nome foi anunciado pelo ex-Presidente dos Estados Unidos na rede social Truth Social, horas antes de um anúncio que estaria previsto no alinhamento da convenção do partido Republicano, que decorre até quinta-feira, 18 de Julho, em Milwaukee, no estado norte-americano do Wisconsin, onde Trump será também oficialmente lançado como o candidato dos republicanos às presidenciais.

"Após longa deliberação e reflexão, e considerando os enormes talentos de muitos outros, decidi que a pessoa mais indicada para assumir a posição de vice-presidente dos Estados Unidos é o senador J.D. Vance", escreveu Trump na rede social lançada pelo próprio, antes de elencar alguns dos pontos do senador do Ohio. "Vai concentrar-se fortemente nas pessoas por quem lutou tão brilhantemente, os trabalhadores e agricultores americanos da Pensilvânia, Michigan, Wisconsin, Ohio, Minnesota e muito mais", sublinha Trump.

J.D. Vance, ou James David Vance, era o mais novo dos principais nomes apontados pela imprensa norte-americana à vice-presidência, numa lista de Trump em que constariam ainda Marco Rubio, senador da Florida, e Doug Burgum, governador do Dacota do Norte.

O senador do Ohio é autor do livro Lamento de uma América em Ruínas (Hillbilly Elegy, no título original), best-seller sobre a pobreza branca da Appalachia a que tanto republicanos como democratas recorreram para tentar perceber o porquê de a população do Rust Belt, a região nordeste e centro-oeste dos EUA, se ter virado para Trump nas eleições de 2016.

De anti-Trump a acérrimo defensor

Por esses dias, e durante os primeiros tempos da presidência de Trump, Vance era um crítico ávido de Donald Trump, a quem chamou publicamente "idiota" e em privado disse ser o "Hitler da América" – um comentário no Facebook que não foi contestado quando foi noticiado, em 2022, mas que nessa altura já não representaria as opiniões de Vance.

A mudança gradual de posição relativamente a Trump do agora candidato republicano à vice-presidência foi suficiente para que Vance tivesse o apoio do ex-Presidente na candidatura ao Senado norte-americano, em 2022. Vance já era considerado um "lealista", firme na desvalorização da invasão do Capitólio em Janeiro de 2021 e a favor das políticas económicas proteccionistas defendidas por Trump.

Em entrevistas, Vance disse ter-se apercebido gradualmente que a sua oposição ao ex-Presidente dos EUA era mais baseada em estilo do que em substância.

"Deixei-me concentrar tanto no elemento estilístico de Trump que ignorei completamente a forma como ele estava a oferecer algo muito diferente em termos de política externa, comércio e imigração", dizia Vance ao The New York Times em Junho. Na mesma entrevista, revelou que conheceu Trump em 2021 e que os dois se aproximaram durante a campanha para o Senado. Antes disso, Vance terá estreitado relações com o filho mais velho do ex-presidente, Donald Trump Jr., segundo fontes próximas revelaram à Reuters.

A renúncia de Vance às posições anti-Trump assumidas antes de 2021 tem levado democratas e até republicanos a questionar as motivações do senador do Ohio, acusando-o de oportunismo. Uma dúvida que não parece pairar sobre Trump ou o seu círculo próximo, que consideram a transformação genuína, segundo a Reuters, apontando a convergência política em várias áreas, incluindo a sua oposição ao apoio norte-americano da Ucrânia.

Nascido em Middletown, no Ohio, filho de pai ausente e de mãe toxicodependente, J.D. Vance passou parte da infância em Jackson, no Kentucky, criado pelos avós, antes de regressar à cidade natal. Completado o ensino secundário, alistou-se na Marinha e foi para o Iraque. Quando regressou, entrou na Universidade do Ohio para estudar Direito e saltou daí para Yale, uma das principais universidades norte-americanas, onde conheceu a mulher, Usha Vance. Diz Vance que o próprio é um exemplo de como o sonho americano ainda está vivo – uma afirmação que vai sendo corroborada pelos analistas políticos ouvidos pelos meios de comunicação norte-americanos.

Embora o ex-Presidente dos EUA tenha um largo registo de episódios imprevisíveis, a larga maioria dos analistas contava que o nome escolhido não fugisse de um lote restrito de nomes. No entanto, a incerteza quanto à escolha do vice-presidente aumentou na noite de sábado, com a tentativa de assassinato de Donald Trump. Até aí, J.D. Vance tinha alcançado alguma força nos círculos republicanos. Com apenas 39 anos, era tido como uma injecção de juventude importante numa corrida presidencial em que a idade tem sido ponto central de discussão.

Depois do ataque no comício em Butler, na Pensilvânia, fontes republicanas citadas pela CBS davam conta de uma possível alteração nas prioridades de Trump para o companheiro de campanha, virando-se para um perfil com mais maturidade e arcabouço político, salvaguardando a possibilidade de ser necessário assumir a presidência. Perante esse cenário, Marco Rubio e Doug Burgum marcavam pontos, um cenário que acabou por não se verificar.

A abordagem de Trump à convenção republicana também terá sofrido alterações devido ao ataque. Em entrevista ao Washington Examiner, o candidato assumiu que a tentativa de que foi alvo lhe deu a "possibilidade de unir todo o país, e até o mundo". Trump reconheceu que o discurso que tinha preparado para a convenção – que “iria ser um espectáculo”, segundo o próprio – teria de ser substituído. "Terá de ser completamente diferente, agora." com Reuters

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