Multas dos radares de controlo de velocidade aumentam 40% no primeiro trimestre do ano

De Janeiro a Março, foram fiscalizados 62,2 milhões de veículos, quer presencialmente, quer através de meios de fiscalização automática, tendo-se verificado um aumento de 85,9% em relação a 2023.

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Sistema de radares da responsabilidade da ANSR assegurou 96,1% da fiscalização total nos três primeiros meses de 2024 Paulo Pimenta
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As multas por excesso de velocidade resultantes da fiscalização por radares geridos pela Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária (ANSR) aumentaram cerca de 40% no primeiro trimestre deste ano em relação ao mesmo período de 2023, totalizando 128.966, foi divulgado esta sexta-feira.

Segundo o relatório da ANSR de sinistralidade a 24 horas e fiscalização rodoviária de Março de 2024, o número de condutores fiscalizados no sistema de radares da responsabilidade da Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária aumentou 96,3%, entre Janeiro e Março, face a período idêntico de 2023, ou seja, ainda antes da entrada em funcionamento dos novos radares a 6 de Julho.

O relatório dá conta que nos três primeiros meses do ano, foram fiscalizadas 59.805.829 passagens pelos radares do Sistema Nacional de Controlo de Velocidade (Sincro), enquanto em igual período do ano de 2023 foram 30.471.242.

"De Janeiro a Março de 2024, foram fiscalizados 62,2 milhões de veículos, quer presencialmente, quer através de meios de fiscalização automática, tendo-se verificado um aumento de 85,9% em relação ao período homólogo de 2023. O Sincro gerido pela ANSR registou um aumento de 96,3%, em contraste com a PSP e a GNR que registaram diminuições de 27,8% e 15,5%, respectivamente", refere o documento.

O relatório frisa também que o sistema de radares da responsabilidade da ANSR assegurou 96,1% da fiscalização total nos três primeiros meses de 2024, enquanto no período homólogo do ano anterior tinha sido 91%.

Também as multas que resultaram da fiscalização dos radares do Sincro aumentaram 40%, passando de 91.601 no primeiro trimestre de 2023 para 128.986 no mesmo período deste ano.

Dos 62,2 milhões de veículos fiscalizados foram detectadas 213,8 mil infracções, o que representa uma diminuição de 6,8% face ao período homólogo do ano anterior, sendo apenas os radares da ANSR que registaram um aumento nesse período.

À excepção da velocidade, todas as outras infracções diminuíram no primeiro trimestre do ano, destacando-se as contra-ordenações relativas ao cinto de segurança (-59%), utilização do telemóvel (-48%), e condução sob efeito do álcool (-33,8%).

Mais acidentes, mortos e feridos graves

No mesmo período, houve quase 8.000 acidentes, que provocaram 103 mortos e 513 feridos graves, um aumento em todos indicadores face ao mesmo período de 2023.

O relatório dá conta que no primeiro trimestre de 2024 registaram-se 7.918 acidentes com vítimas, dos quais resultaram 103 vítimas mortais, 513 feridos graves e 9.254 feridos ligeiros.

"Face ao primeiro trimestre de 2023, observaram-se aumentos em todos os indicadores, excepto no índice de gravidade. Registaram-se mais 251 acidentes (+3,3%), mais duas vítimas mortais (+2,0%), mais 17 feridos graves (+3,4%) e mais 337 feridos leves (+3,8%)", precisa a ANSR, salientando que, em comparação com o mesmo período de 2023, houve no primeiro semestre do ano "um aumento na circulação rodoviária, o que corresponde a um acréscimo no risco de acidentes, muito embora se tenha registado uma diminuição de 4,1% no consumo de combustível rodoviário".

Segundo o documento, o agravamento em todos os indicadores de sinistralidade foi "mais expressivo" em Fevereiro, registando aumentos de 28,6% nas vítimas mortais, 14,7% nos feridos leves, 12,9% nos acidentes e 7,6% nos feridos graves.

Em Março, em comparação com o mesmo mês de 2023, "apenas se observaram aumentos nas vítimas mortais, com um incremento de 6,5%", enquanto os restantes indicadores baixaram.

A ANSR faz também uma comparação com 2019, ano de referência para monitorização das metas de redução do número de mortos e de feridos graves até 2030 fixadas pela Comissão Europeia e por Portugal, tendo ocorrido diminuições nas vítimas mortais (-12,0%), nos feridos ligeiros (-4,1%) e no número de acidentes (-1,6%), mas registou-se um aumento dos feridos graves (+4,9%).

O relatório avança igualmente que a colisão representou o tipo de acidente mais frequente nos primeiros três meses do ano, correspondendo a 51,4% dos acidentes, 43,7% dos mortos e 44,6% dos feridos graves. Os despistes, que representaram 32,8% do total de acidentes, foram responsáveis por 42,7% das vítimas mortais.

Segundo o documento, no primeiro trimestre do ano os desastres fora das localidades (54%) foram ligeiramente superior aos que ocorreram nas localidades (49%) e, comparativamente com o mesmo período de 2023, houve um aumento das vítimas mortais dentro das localidades.

Quanto ao tipo de via, entre Janeiro e Março, quase 63% dos acidentes ocorreram em arruamentos, representando 29,1% das vítimas mortais e 52,4% dos feridos graves, enquanto nas estradas nacionais registaram-se 20% dos desastres e nas autoestradas registou-se mais quatro vítimas mortais do que no mesmo período de 2023.

Cerca de 72% do total de mortes entre Janeiro e Março correspondeu a condutores, enquanto 14,6% eram passageiros e 13,6% eram peões. Comparativamente a 2023, o número de vítimas mortais aumentou 15,6% entre os condutores e diminuiu 36,4% entre os peões.

Os automóveis ligeiros corresponderam a 74,3% do total dos veículos envolvidos nos acidentes nos primeiros três meses do ano, que aumentaram 3,3% em relação a igual período de 2023.

"De salientar que se verificaram incrementos significativos nos velocípedes (+33,1% face a 2019 e +2,2% comparando com 2023) e nos motociclos (+21,1% e +0,2% perante os mesmos anos)", lê-se no relatório.

Nos três primeiros meses do ano, face ao período homólogo de 2023, verificou-se um aumento no número de acidentes em 12 dos 18 distritos, com maior expressão em Évora (+37,5%), Viana do Castelo (+18,0%) e Faro (+11,5%). No que diz respeito ao número de vítimas mortais, registaram-se aumentos em oito distritos, com as maiores subidas nos distritos de Leiria, Évora e Braga (+9, +6 e +5, respectivamente). No que se refere às diminuições, destacam-se Setúbal e Aveiro, com menos oito e menos cinco vítimas mortais, respectivamente.

O relatório avança igualmente que a criminalidade rodoviária, medida em número total de detenções, diminuiu 46,2% por comparação ao período homólogo de 2023, atingindo 5,1 mil condutores. Do total, mais de metade deveu-se à condução sob o efeito do álcool (-42,2%), seguindo-se um terço por falta de habilitação legal para conduzir (-52,2%).

Até Março de 2024, cerca de 689 mil condutores perderam pontos na carta de condução.

Desde Junho de 2016, data de entrada em vigor sistema de carta por pontos, 3.012 condutores ficaram com o seu título de condução cassado, indica ainda a ANSR.