Reservas de sangue estão abaixo dos valores de outros anos para esta altura

Instituto Português do Sangue da Transplantação descreve situação “invulgar” que atribui ao aumento de infecções respiratórias neste período, incluindo infecções por covid-19.

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Em média, os hospitais portugueses precisam de 1100 unidades de sangue por dia Nuno Ferreira Santos
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As reservas de sangue estão com valores mais baixos do que em períodos homólogos de outros anos, uma situação que o Instituto Português do Sangue da Transplantação (IPST) considera invulgar para esta altura e que atribui à covid-19.

"As reservas de sangue e componentes sanguíneos apresentam, nesta altura do ano, valores mais baixos do que em períodos homólogos de anos anteriores", adiantou o IPST à agência Lusa, salientando, porém, que se trata de uma gestão dinâmica, que depende do número de colheitas realizadas diariamente e das necessidades dos hospitais.

Grupos sanguíneos com maior carência

Os grupos sanguíneos em que se regista uma maior carência são 0 "A positivo", o "O positivo", o "O negativo" e o "A negativo". Trata-se de "uma situação invulgar para esta época do ano", salientou o IPST, ao recordar que existe sazonalidade na dádiva de sangue, sendo tradicionalmente os períodos de maior carência os meses de Janeiro e Fevereiro, devido às infecções respiratórias, e o mês de Agosto, devido ao período de férias dos dadores regulares.

"A actual situação de carência, que surgiu este ano mais cedo, parece explicar-se pelo aumento de infecções respiratórias neste período, nomeadamente infecções por covid-19, e à ausência dos dadores regulares para período de férias", adiantou o instituto. Os hospitais portugueses precisam, em média, de 1100 unidades de sangue por dia para tratar os doentes.

Validade limitada, necessidade permanente

Os componentes sanguíneos têm uma validade limitada (no concentrado eritrocitário é de 42 dias e de cinco a sete dias para as plaquetas), razão pela qual a sua necessidade é permanente, realçou o instituto.

"Diariamente apelamos à população em geral, ao cidadão e aos dadores de sangue, em particular, para a necessidade permanente de sangue", referiu o instituto, ao realçar que a sustentabilidade desta actividade requer uma presença diária nas redes sociais, uma utilização regular dos meios de comunicação social e a melhor articulação com o movimento associativo.

Entre 2021 e Maio de 2024, o IPST enviou aos dadores de sangue regulares aproximadamente 14 milhões de mensagens SMS, cerca de 3,5 milhões por ano, por considerar que esta é a forma mais directa de contacto e o meio que mais fideliza os dadores para realizarem novas dádivas.

Ter mais de 18 anos e estar saudável

As condições essenciais para elegibilidade para a dádiva são ter mais de 18 anos (a primeira dádiva após os 60 anos depende de critério médico), peso igual ou superior a 50 quilos e estar saudável.

Em comunicado, a Federação Portuguesa de Dadores Benévolos de Sangue (FEPODABES), perante a actual situação das reservas, apelou a "todas as pessoas saudáveis e aos habituais dadores" dos grupos mais em falta para efectuarem as suas dádivas.

"Esta situação não costuma acontecer tão cedo nesta altura do ano, pensamos que se deve ao aumento das infecções respiratórias que nesta altura do ano não são habituais, nomeadamente casos de covid", referiu Alberto Mota, presidente da federação citado no comunicado.