Junta militar do Burkina Faso adopta lei que criminaliza homossexualidade

O país segue a tendência em África para a criminalização de pessoas LGBTQIA+. Antes de entrar em vigor, a lei terá de ser aprovada pelo Parlamento burquinês e promulgada pelo Presidente.

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Ibrahim Traoré é o líder da Junta que governa o país desde o último golpe de estado, em 2022 Mahamadou Hamidou / REUTERS
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A junta militar do Burkina Faso anunciou esta quinta-feira que tinha adoptado um projecto-lei que criminaliza a homossexualidade no país, alterando o Código da Família para proibir estas relações.

A adopção do projecto-lei foi anunciado pelo ministro da Justiça burquinês, Edasso Rodrique Bayala, num comunicado citado pela agência de notícias francesa France Presse.​

“A partir de agora, a homossexualidade e práticas relacionadas são proibidas e puníveis pela lei”, afirmou o ministro no comunicado, publicado depois de uma reunião do Conselho de Ministros.

Apesar da adopção do projecto-lei pela junta militar, segundo a Reuters o projecto-lei necessita ainda de passar pela Assembleia Legislativa Transicional e de ser promulgado pelo Presidente interino do país, Ibrahima Traoré, que também lidera a junta militar que governa o país desde 2022, ano em que ocorreram dois golpes de Estado no Burkina Faso.

Segundo a Lusa, em Agosto do ano passado, o Conselho Superior de Comunicação do país já tinha proibido a transmissão de canais de televisão que promovam a homossexualidade, afirmando que tinham como objectivo assegurar que canais de televisão destinados a crianças e jovens estejam isentos de qualquer conteúdo ou cena homossexual.

De acordo com a agência de notícias African Press Agency, várias forças políticas das 13 regiões do Burkina Faso tinham pedido aos membros da Assembleia Legislativa Transicional para adoptar uma lei que proibisse e punisse a homossexualidade, alegando estar a lutar contra desvios sexuais e impedir a promoção de fenómenos contrários às realidades morais, religiosas e tradicionais da sociedade burquinesa.

O Burkina Faso junta-se, assim, a uma série de países em África a proibir relações homossexuais ou a restringirem direitos das pessoas LGBTQIA+, sendo agora cerca de 30 os países que criminalizam este tipo de relações nesse continente.

Em Abril deste ano, o Tribunal Constitucional do Uganda deu aval positivo a uma lei que obrigava a denúncia de qualquer pessoa que fosse suspeita de ter relações com pessoas no mesmo sexo.

Em Fevereiro, o Gana aprovou uma nova lei que impunha uma pena de até três anos de prisão para quem se identificasse como LGBTQIA+ e penas de até cinco anos para quem forme grupos LGBTQIA+, endurecendo a repressão a estas pessoas.

Em sentido contrário à tendência do continente, a justiça da Namíbia anunciou em Junho a anulação de duas leis que criminalizavam a homossexualidade, herdadas do tempo colonial.

Em vez de atacar os grupos marginalizados para mobilizar as suas bases conservadoras, os políticos da região deveriam seguir o espírito destas decisões fortes no continente e promover a igualdade e a não-discriminação para todas as pessoas”, afirmou o observador de direitos humanos da Human Rights Watch sobre a decisão na Namíbia, que sucedeu a decisões semelhantes nas Ilhas Maurícias em 2023 e no Botswana, em 2019.

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