Governo não “entra em diálogo” com Lucília Gago nem falou com líder do PS sobre sucessor

Primeiro-ministro não comenta as palavras da procuradora-geral da República, que deixou críticas à ministra da Justiça e falou numa “campanha orquestrada” contra o Ministério Público.

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Luís Montenegro diz que não falou com o PS sobre a sucessão de Lucília Gago TIAGO PETINGA / LUSA
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O primeiro-ministro afirmou que o Governo "não vai entrar em diálogo" com a procuradora-geral da República e disse não ter falado com o líder do PS sobre a sucessão de Lucília Gago.

Em declarações aos jornalistas antes de um jantar na residência oficial de Portugal em Washington, na terça-feira, no âmbito da cimeira da NATO, Luís Montenegro foi questionado sobre a entrevista de Lucília Gago à RTP, na segunda-feira à noite.

"Não vou fazer comentários, os partidos políticos disseram o que entenderam, o Governo não vai entrar num diálogo com a senhora procuradora-geral da República que está a exercer o seu mandato", afirmou.

Questionado se já entrou em diálogo com o líder da oposição, o secretário-geral do PS Pedro Nuno Santos, sobre a sucessão de Lucília Gago, que está a poucos meses de terminar o mandato, o chefe do Governo respondeu com uma palavra: "Não".

Em entrevista à RTP na segunda-feira à noite, a procuradora-geral da República disse que nunca ponderou demitir-se, sustentou que há "uma campanha orquestrada" contra o Ministério Público (MP) e considerou "indecifráveis e graves" as declarações da ministra da Justiça sobre pôr "ordem na casa" no MP.

Lucília Gago disse também que o inquérito no âmbito da "Operação Influencer" que visa o ex-primeiro-ministro António Costa"ainda decorre", e negou qualquer "cuidado especial", indicando que o antigo líder do executivo foi tratado como qualquer outro face a uma denúncia ou suspeita de crime.

A poucos meses de terminar o mandato, a primeira entrevista da procuradora-geral da República suscitou muitas reacções, nomeadamente no Parlamento. PSD e PS optaram por manter o silêncio, mas o CDS, parceiro dos sociais-democratas na AD, veio pedir explicações a Lucília Gago sobre o que a PGR designou como uma "campanha orquestrada" contra o Ministério Público. Paulo Núncio, líder parlamentar do partido, defendeu que Lucília Gago deve identificar quem são as pessoas que têm orquestrado a campanha contra o MP, já que esta é uma “afirmação grave” e é “fundamental que o MP mantenha a sua independência”. Sobre as críticas à ministra da Justiça, Núncio sustentou que as palavras de Rita Júdice foram “interpretadas de uma forma exagerada” e que aquilo que a ministra quis dizer foi que se "vai iniciar uma nova fase” com um “novo PGR”.