Um dos piores ataques russos na Ucrânia faz 36 mortos e atinge hospital pediátrico

Bombardeamentos russos atingiram Kiev e as cidades de Dnipro, Kryvyi Rih, Sloviansk e Kramatorsk. Mais de 40 mísseis terão sido lançados, segundo Zelensky, que prometeu vingar-se do ataque.

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Um hospital para crianças em Kiev foi um dos alvos atingidos pelos mísseis russos Gleb Garanich / REUTERS
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Num dos piores ataques aéreos da Rússia contra as cidades ucranianas desde o início da invasão pelo menos 36 pessoas morreram e dezenas ficaram feridas. Mas as cenas mais dramáticas desenrolaram-se junto ao hospital pediátrico Okhmadyt, em Kiev, que foi parcialmente destruído por um míssil russo.

Só na capital morreram 21 pessoas, de acordo com as autoridades locais, e há 35 feridos. Segundo o presidente da Câmara de Kiev, Vitali Klitschko, citado pela Reuters, este foi “um dos piores ataques” desde o início da guerra. Os maiores danos parecem ter sido causados no hospital pediátrico de Okhmadyt, a maior instalação pediátrica do país, onde pessoas ficaram debaixo dos escombros a aguardar resgate.

Nas imediações do hospital, logo após o bombardeamento, pais corriam com bebés nos braços, segundo descreve a Reuters. "Foi assustador, não conseguia respirar. Tentei tapar [o bebé], tentei cobri-lo com tecido para que pudesse respirar", disse Svitlana Kravchenko, de 33 anos.

O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, afirmou na rede social X que tinham sido disparados “mais de 40 mísseis de vários tipos”, que atingiram e danificaram “edifícios de apartamentos, infra-estruturas e um hospital para crianças”. "Nesta altura, todos estão a tentar retirar os escombros, [tanto] médicos [como] pessoas comuns", disse Zelensky, referindo-se ao hospital Okhmadyt.

O ataque que visou o hospital pediátrico foi condenado de forma global. O secretário-geral da ONU, António Guterres, descreveu o bombardeamento como "particularmente chocante" e foi marcada para terça-feira uma reunião do Conselho de Segurança para debater o tema.

Segundo Zelensky, para além de Kiev, foram atingidas as cidades de Dnipro, Kryvyi Rih (a cidade-natal de Zelensky), Sloviansk e Kramatorsk, ambas no Donbass.

O líder da administração militar na cidade de Kryvyi Rih, Oleksandr Vilkul, afirmou que pelo menos dez pessoas tinham sido mortas e 31 pessoas foram feridas no ataque à cidade.

Outras três pessoas morreram em Pokrovsk e uma em Dnipro, de acordo com o balanço mais recente. Ao todo, terão sido atingidos pelo menos 50 edifícios civis, incluindo blocos de apartamentos, escritórios e instalações médicas, segundo o Ministério do Interior.

Há vários meses que a Rússia leva a cabo ataques aéreos contra alvos em toda a Ucrânia, geralmente visando a infra-estrutura energética, mas por vezes atingindo igualmente áreas residenciais no centro das cidades. Moscovo garante que não ataca propositadamente locais civis, embora considere, por exemplo, a rede energética ucraniana um alvo militar legítimo.

Os constantes ataques aéreos russos têm sido dados como exemplo pelas autoridades ucranianas para pressionar os seus aliados a reforçarem o apoio militar para Kiev. "As nossas capacidades de defesa continuam a ser insuficientes, precisamos de mais sistemas de defesa aérea", afirmou esta segunda-feira o ministro da Defesa, Rustem Umerov, nas vésperas da cimeira da NATO em que a ajuda militar à Ucrânia será um dos temas em cima da mesa.

Orbán na China

Entretanto, o primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, continua o seu périplo que o próprio enquadra como uma “missão de paz” para tentar alcançar uma solução para a guerra na Ucrânia. Esta segunda-feira, Orbán esteve em Pequim para se reunir com o Presidente Xi Jinping, numa visita uma vez mais não anunciada previamente, e apoiou a iniciativa chinesa para a paz na Ucrânia.

A China, disse o primeiro-ministro húngaro, “é uma potência crucial para a criação de condições para a paz na guerra entre a Rússia e a Ucrânia”.

Pequim, em conjunto com o Brasil, apresentou uma proposta de paz em seis pontos em que está prevista uma conferência internacional de paz com a participação da Rússia e da Ucrânia. A iniciativa é vista como uma interferência junto dos esforços encetados por Kiev e pelos seus parceiros ocidentais que no mês passado organizaram uma cimeira na Suíça, à qual a China não compareceu, em que pretendiam mostrar apoio amplo ao plano de Zelensky.

No entanto, vários países do chamado Sul Global rejeitaram subscrever a declaração final.

Em Kiev, a visita de Orbán a Pequim foi mal recebida, à semelhança do que tinha acontecido com o encontro na semana passada com Vladimir Putin em Moscovo.

“Literalmente, em paralelo com o ataque deliberado contra crianças na capital ucraniana, os líderes da Hungria e da China uma vez mais pediram um ‘cessar-fogo imediato’. Esta exigência não é dirigida à Rússia, é apenas dirigida ao Ocidente e à Ucrânia”, afirmou o conselheiro presidencial Mykhailo Podoliak.

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