Keir Starmer abandona plano de envio de requerentes de asilo para o Ruanda

Novo primeiro-ministro britânico garante que o projecto “estava morto e enterrado antes de começar”. Suella Braverman, a ex-ministra do Interior, lamentou a decisão porque o plano” teria funcionado”.

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Keir Starmer depois da primeira reunião do seu Conselho de Ministros Claudia Greco / REUTERS
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O primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, disse este sábado que vai abandonar a controversa política conservadora de deportação de requerentes de asilo para o Ruanda, considerando que a medida nunca teve resultados, apesar do dinheiro investido.

"O projecto do Ruanda estava morto e enterrado antes de começar", disse o novo primeiro-ministro em conferência de imprensa, após a primeira reunião do seu Governo, acrescentando: "Nunca funcionou como um factor de dissuasão. Antes pelo contrário."

A medida, amplamente esperada, foi um dos primeiros actos de Starmer no cargo. Durante a campanha eleitoral, o líder trabalhista tinha dito que iria abandonar o plano que custou centenas de milhões de libras, mas que nunca chegou a ser implementado.

Starmer fez o anúncio depois do primeiro Conselho de Ministros no número 10 de Downing Street, na sequência da vitória clara do Partido Trabalhista nas eleições de quinta-feira, que puseram fim a 14 anos de governo dos conservadores.

O plano de transferência de requerentes de asilo para o Ruanda enquanto aguardavam o desfecho do processo foi um plano desenhado pelo Governo conservador para tentar dissuadir os migrantes a cruzarem o Canal da Mancha para chegarem à costa britânica.

Contudo, o plano foi confrontado com questões de direitos humanos e nunca conseguiu deportar uma única pessoa, apesar de terem sido desembolsadas centenas de milhões de libras num acordo com a nação da África Oriental.

No entanto, o cancelamento da política de deportação para o Ruanda já mereceu críticas de Suella Braverman, a ex-ministra do Interior, demitida em Novembro, e rosto do plano que pondera candidatar-se à sucessão de Sunak como líder do partido.

"Anos de trabalho árduo, leis do Parlamento, milhões de libras gastas num esquema que teria funcionado, se implementado correctamente", afirmou este sábado. "Há grandes problemas no horizonte que, receio, serão causados por Keir Starmer".

Sobre a primeira reunião do seu Governo, depois de ter sido investido no cargo na sexta-feira pelo rei Carlos III, Starmer admitiu ter “muito trabalho pela frente”. Entre os vários problemas pela frente, está a necessidade de dinamizar uma economia lenta, corrigir um sistema nacional de saúde com inúmeros problemas e restabelecer a confiança no executivo.

O primeiro-ministro tem uma agenda preenchida para os próximos dias, com uma viagem a Washington na próxima semana para assistir à reunião da NATO e a realização da cimeira da Comunidade Política Europeia a 18 de Julho de que o Reino Unido é anfitrião. No dia antes, haverá abertura do Parlamento com o discurso do Rei, que estabelece a agenda do novo Governo.

Starmer já destacou vários dos grandes temas, tais como a correcção do Serviço Nacional de Saúde e a segurança das fronteiras britânicas, uma referência a um problema global mais vasto em toda a Europa e nos Estados Unidos de absorção do afluxo de migrantes que fogem da guerra e da pobreza, bem como da seca, ondas de calor e inundações atribuídas às alterações climáticas.