“Lamento muito”: Rishi Sunak demite-se como líder do Partido Conservador, mas só depois da escolha do sucessor

O ex-primeiro-ministro liderava os conservadores desde Outubro de 2022, depois da demissão de Liz Truss da liderança do governo e do partido.

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O primeiro-ministro cessante Rishi Sunak anunciou que se vai demitir de líder do Partido Conservador após o processo de escolha do seu sucessor estar concluído, numa declaração ao país efectuada esta manhã na residência oficial em Downing Street após a derrota histórica dos tories nas eleições legislativas desta quinta-feira.

"Depois deste resultado, irei demitir-me como líder do partido, não de forma imediata, mas quando os procedimentos formais para o meu sucessor estiverem concluídos", anunciou assim Rishi Sunak, falando ao país num púlpito à frente do número 10 da rua londrina, onde residem os líderes do governo britânico.

Sunak iniciou as declarações lamentando e assumiu as responsabilidades pela derrota sofrida na noite passada, que levou os conservadores a perder quase dois terços dos deputados que elegera para a Câmara dos Comuns em 2019 e a obter o pior resultado de sempre do partido.

Com os resultados declarados em 644 dos 650 círculos eleitorais, o Labour tinha elegido 410 deputados, ao passo que os tories se ficavam apenas pelos 119. Em termos percentuais, os trabalhistas recolheram 33,9% e os conservadores 23,7%.

"Dei tudo neste cargo, mas vocês deram um sinal claro que o Governo do Reino Unido deve mudar. E o vosso julgamento é o único que interessa", afirmou o líder cessante, que acrescentou que tinha ouvido a "raiva" e a "desilusão" dos britânicos.

O primeiro-ministro cessante referiu ainda que era "importante, após 14 anos no Governo, que o Partido Conservador se reconstrua", assumindo também um "papel responsável na oposição". Sunak aproveitou para pedir também desculpa a todos os candidatos do partido e membros da campanha "que trabalharam incansavelmente, mas sem sucesso", por não terem obtido os resultados que "os seus esforços mereciam".​

Rishi Sunak liderava o partido desde Outubro de 2022, após a demissão de Liz Truss da liderança dos Tories e do cargo de primeira-ministra.

“Era praticamente impossível os conservadores ganharem esta eleição”

“Acho que era praticamente impossível os conservadores ganharem esta eleição depois de terem estado no poder durante tanto tempo, a culpa não foi toda de Rishi Sunak. Claro que poderiam ter alcançado outro resultado se não tivessem tido este historial recente de lutas internas e de serem vistos como corruptos e desonestos”, explicou ao PÚBLICO Elinor Goodman, jornalista e analista política.

“Mas se o Partido Trabalhista não se tivesse deslocado para o centro político, também não teria ganho. A verdade é que as pessoas queriam uma alternativa, particularmente tendo em conta que a economia tem estado tão mal”, acrescenta, à margem de um evento sobre a noite eleitoral na universidade London School of Economics, em Londres.

Segundo Goodman, a “exigência” será “enorme” para o Labour e para Starmer, não por causa da crise económica, mas principalmente porque os trabalhistas fizeram uma campanha “baseada na ideia de que iam transformar o país” – mesmo tendo oferecido “poucos “pormenores” sobre as suas propostas políticas “para não assustarem a classe média”, nota a analista.

* com António Saraiva Lima

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