Pedro Nuno admite que PS viabilize orçamento se “não for ignorado pelo Governo”

Líder do PS arranjou nova fórmula para abordar o OE para 2025. O mantra agora é “não ser ignorado”. Se o Governo negociar com os socialistas, procurando a maioria que não tem, o PS admite viabilizar.

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Pedro Nuno Santos, secretário-geral do PS Nuno Ferreira Santos
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A linha vermelha de Pedro Nuno Santos é agora "não ser ignorado" por Luís Montenegro, com quem diz que praticamente não dialogou desde a tomada de posse do Governo, como disse esta quarta-feira em entrevista à RTP.

O PS chumbará o Orçamento porque é obrigação do Governo encontrar maiorias, sustentou Pedro Nuno, sem se limitar a apresentar a proposta do Governo sem negociação. Se "ignorar" o PS, os socialistas chumbam. Se o Governo "não ignorar", o Orçamento poderá a acabar a ser viabilizado pelo PS. Um passo em frente desde o tempo em que a palavra de Pedro Nuno era "nunca aprovar Orçamento do Governo para não deixar ao Chega a liderança da oposição".

Um dos maiores dilemas do PS desde que passou à oposição tem sido exactamente o que deve fazer em relação ao sentido de voto no Orçamento. Se, na campanha interna, Pedro Nuno Santos fustigou José Luís Carneiro por este ter admitido viabilizar um Orçamento do PSD, as coisas foram ligeiramente mudando. Na primeira Comissão Política pós-eleições, o PS arranjou a frase "praticamente impossível" - que era "praticamente impossível" viabilizar o Orçamento de 2025. Fora da reunião, o antigo adversário José Luís Carneiro contestava que se estivesse a discutir um documento que ainda não existia.

Entretanto, com o facto de o Governo evidenciar que está pronto para eleições a curto prazo, o PS começou a pensar duas vezes. Em entrevista ao PÚBLICO, Francisco Assis admitiu que o Governo desejava eleições e que o PS não devia fazer-lhe a vontade. Também Luísa Salgueiro, presidente da Câmara de Matosinhos e da Associação Nacional dos Municípios Portugueses, já manifestou o seu interesse em ver o Orçamento aprovado.

Embora exista o risco de o PS ficar politicamente "capturado" pelo Governo com a viabilização (que vários dirigentes do PS reconhecem ser um perigo político), tornar os socialistas responsáveis por eleições a curto prazo pode ser eleitoralmente penalizador para o partido.

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