Israel mata comandante do Hezbollah em ataque aéreo e realiza novos ataques em Gaza
O Hezbollah identificou o comandante como Mohammed Nasser, considerado um dos comandantes de topo do grupo islamita, aliado do Hamas.
Um ataque israelita matou um dos principais comandantes do Hezbollah no sul do Líbano na quarta-feira, segundo duas fontes de segurança libanesas, que o descreveram como uma das figuras mais importantes do grupo a morrer nos quase nove meses de conflito. No mesmo dia, forças israelitas realizaram novos bombardeamentos no sul de Gaza.
A ocorrer paralelamente à guerra em Gaza, as hostilidades suscitaram preocupações quanto à possibilidade de uma guerra mais vasta e ruinosa entre os adversários fortemente armados, o que levou os EUA a realizar esforços diplomáticos para acalmar as hostilidades.
Um comunicado do Hezbollah identificou o comandante como Mohammed Nasser, declarando-o mártir sem fornecer mais pormenores. O exército israelita não fez qualquer comentário imediato.
Segundo as fontes, Nasser foi morto num ataque israelita nos arredores da cidade de Tiro, no sul do Líbano. Uma das fontes contou que um segundo combatente do Hezbollah e um civil também foram mortos. De acordo com estas fontes, o comandante tinha a mesma posição e importância para o grupo que Taleb Abdallah, um comandante de topo que foi morto por um ataque israelita em Junho, algo que levou o Hezbollah a disparar o maior número de drones e rockets como retaliação.
O Ministro da Defesa israelita, Yoav Gallant, afirmou na quarta-feira que as forças israelitas tomariam todas as medidas necessárias contra o Hezbollah, mas que preferiam um acordo negociado.
"Estamos a atacar duramente o Hezbollah todos os dias e estaremos também totalmente prontos para tomar qualquer acção necessária no Líbano, ou para chegar a um acordo a partir de uma posição de força. Preferimos um acordo, mas se a realidade nos obrigar, saberemos como lutar", declarou Gallant num comunicado divulgado pelo seu gabinete.
As hostilidades infligiram um pesado prejuízo a ambos os lados da fronteira, obrigando dezenas de milhares de pessoas a fugir das suas casas.
Os ataques israelitas no Líbano mataram mais de 300 combatentes do Hezbollah e 87 civis, segundo dados da Reuters. Israel afirma que os disparos provenientes do Líbano mataram 18 soldados e 10 civis.
Tensões crescentes em Gaza
Muitos palestinianos foram obrigados a procurar abrigo nesta quarta-feira depois de terem fugido de casa no sul da Faixa de Gaza. Os habitantes queixaram-se também de falta de água, enquanto Israel prosseguia a sua ofensiva militar no enclave densamente povoado.
As forças israelitas levaram a cabo novos ataques nesta quarta-feira na cidade de Rafah, no sul do país, entre intensos combates com militantes palestinianos durante a noite, segundo os residentes. De acordo com as autoridades de saúde, pelo menos 12 pessoas foram mortas em novos ataques no centro e no norte de Gaza.
Os combates continuam em algumas zonas de Gaza, apesar dos líderes israelitas terem afirmado que estão a terminar a fase de combates intensos contra o Hamas, o grupo islamista que governa Gaza desde 2007, e que, em breve, passarão a operações mais direccionadas na guerra que dura há quase nove meses.
Um ataque aéreo israelita atingiu uma casa na cidade no sul da Faixa de Gaza de Khan Younis, tendo matado Hassan Hamdan, chefe do departamento de queimaduras e cirurgia plástica do Complexo Médico Nasser, juntamente com todos os membros da sua família, informou o Ministério da Saúde de Gaza.
Os residentes de Khan Younis afirmaram que a falta de abrigos significava que muitas famílias tinham dormido na estrada porque não conseguiam encontrar tendas depois das ordens de evacuação do exército israelita terem levado à deslocação de milhares de pessoas que viviam no leste da cidade.
O último hospital em funcionamento na zona, o Hospital Europeu de Gaza, que tinha albergado famílias deslocadas e doentes, foi também evacuado.
"Disseram-nos para evacuar o Hospital Europeu. Viemos para o Hospital Nasser, mas estava cheio", contou Ali Abu Ismehan, que foi ferido por fogo israelita e ficou com as duas pernas e a pélvis partidas.
"Estou a ficar na rua, à espera que me encontrem um lugar dentro (do hospital) ", disse à Reuters.
Um funcionário da defesa israelita contou que, apesar de terem sido emitidas ordens de evacuação para a área onde se situa o Hospital Europeu de Gaza, foi dito ao pessoal e aos doentes que podiam ficar.
Um outro ataque aéreo israelita atingiu um carro na cidade de Deir Al-Balah, no sul do país, matando três pessoas, segundo as autoridades de saúde.
Deir Al-Balah está apinhada com centenas de milhares de palestinianos forçados a fugir das suas casas noutros locais de Gaza, e os residentes queixam-se de uma escassez aguda de água potável e dos preços inflacionados dos alimentos básicos.
"Não há água limpa para beber. Somos obrigados a comprar água salgada ou impura a um preço elevado", disse Shaban, 47 anos, pai de cinco filhos, à Reuters.
Segundo Shaban, muitas pessoas deslocadas sofrem de dores abdominais e de doenças como a hepatite.
As tensões também aumentaram nos últimos meses na Cisjordânia ocupada por Israel. No último incidente violento na região, um homem palestiniano de 23 anos foi morto durante um ataque israelita na cidade de Jenin, segundo o Ministério da Saúde palestiniano.