Narcotraficante da máfia dos Balcãs apanhado no Parque das Nações

Grupo criminoso recorreria a armas de guerra para roubar droga a organizações congéneres. Portugal servia apenas de país de refúgio a traficantes.

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O homem de 52 anos suspeito de pertencer à máfia dos Balcãs morava no Parque das Nações Diana Quintela (arquivo)
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Um narcotraficante de 52 anos que se suspeita pertencer à máfia dos Balcãs foi detido esta semana pela Polícia Judiciária. Morava no Parque das Nações, em Lisboa, e era procurado internacionalmente pela Interpol, pendendo sobre ele vários mandados de captura pelo crime de homicídio.

Nesta operação policial da Unidade de Combate ao Tráfico de Estupefacientes da Judiciária, que actuou em cooperação com as autoridades dos Países Baixos, foi detido um segundo homem de 48 anos que residia no mesmo apartamento e tinha dupla nacionalidade, brasileira e neerlandesa. Pensa-se que ambos pertencem a grupos de crime organizado que se dedicavam a introduzir cocaína nos Países Baixos, mas que também praticavam raptos.

Este segundo homem terá ligações a uma célula da chamada Mocro Máfia, uma organização que nos últimos anos tem aterrorizado não só os Países Baixos, onde foi assassinado um jornalista em 2021, mas também a Bélgica. E que chegou a fazer ameaças de morte à casa real neerlandesa e à sua herdeira, a princesa Catharina-Amalia.

“Esta operação foi realizada simultaneamente nos dois países e permitiu desmantelar a infra-estrutura do grupo de crime organizado indiciado por tráfico de droga, participação em organização criminosa, rapto, tomada de reféns e sequestro”, refere a Polícia Judiciária em comunicado.

Tanto quanto sabem os investigadores até ao momento, nenhum destes crimes foi praticado em solo nacional: os suspeitos refugiavam-se em Portugal, mas cometiam os delitos fora do país, nomeadamente nos Países Baixos, muito embora o apartamento do Parque das Nações funcionasse como um dos centros de operações do grupo criminoso, que chegava a roubar estupefacientes a associações congéneres.

“A organização praticou vários crimes violentos que visaram tomar posse da droga através do uso da força e com recurso a armas de guerra”, como metralhadoras, descreve a Judiciária. “Dado o seu grande potencial económico, os seus membros dispunham de fortes medidas de segurança e autoprotecção, nomeadamente de meios avançados de transmissão de informação, tanto a nível individual como o utilizado no uso de contramedidas policiais”.

No âmbito da chamada Operação Labirinto, explica a mesma nota de imprensa, foram realizadas duas buscas das quais resultou a apreensão de milhares de euros, vários veículos topo de gama, bens de luxo, como vestuário de marca, sistemas de comunicações e diverso equipamento informático.

Uma reportagem publicada pela agência noticiosa Reuters em Maio passado dava conta das características do cartel ou máfia dos Balcãs, designação genérica de vários grupos ligados à criminalidade organizada criados nesta região. Será pelas suas mãos que entra na Europa a maior parte da cocaína que aqui chega, vinda da América do Sul.

“Trabalham em pequenas células altamente móveis, secretas e capazes de transportar cargas surpreendentemente grandes de cocaína, segundo autoridades antidrogas”, descreve esse trabalho.

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