Sindicatos lamentam que Governo e CP não tenham feito esforço para acordo conjunto

Entendimento anunciado entre a CP e os maquinistas ficou ainda por alcançar com os restantes sindicatos que estiveram em greve esta sexta-feira.

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Trabalhadores da CP estiveram esta sexta-feira em greve Miguel Manso
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Diversas organizações sindicais que organizaram a greve dos trabalhadores da CP que decorreu esta sexta-feira, lamentaram este sábado que o Governo e a empresa não tenham feito "qualquer esforço" para alcançar um acordo conjunto.

"Lamentamos que a CP e a tutela sectorial não tenham feito qualquer esforço para alcançar um acordo conjunto de sindicatos", lê-se num comunicado divulgado este sábado.

Na sexta-feira, o Governo anunciou, em comunicado, que a greve que decorria desde 27 de Junho e até 14 de Julho foi suspensa, após ter sido alcançado um acordo com o Sindicato Nacional dos Maquinistas dos Caminhos de Ferro Portugueses (SMAQ).

A par desta greve, mais de 10 estruturais sindicais também organizaram uma paralisação que decorreu na sexta-feira e que contou com perto de 100% de adesão. Contudo, o Governo e a CP não voltaram a negociar com estes sindicatos. A última reunião tinha ocorrido na quarta-feira.

"A CP é muito mais do que maquinistas. Este conjunto de sindicatos mantém a luta e as perturbações vão manter-se por tempo indeterminado até que a CP venha ao encontro das pretensões de todos os trabalhadores que lutam pela valorização das carreiras profissionais", asseguraram.

Questionado pela Lusa, o secretário-geral da Federação dos Sindicatos de Transportes e Comunicações (Fectrans), José Manuel Oliveira, reiterou não haver qualquer acordo com a federação ou com os sindicatos que subscreveram o pré-aviso de greve para 28 de Junho. "Nem sequer conhecemos qualquer proposta. A última foi da passada quarta-feira", sublinhou.

Do lado do Governo, aquilo que por sua vez é dito é que as negociações entre a CP e o SMAQ, mediadas pela secretária de Estado da Mobilidade, Cristina Pinto Dias, permitiram "chegar a um acordo sobre várias matérias laborais, nomeadamente aumentos dos salários e do subsídio de refeição, beneficiando todos os trabalhadores da empresa", adiantou, na sexta-feira, o Ministério das Infraestruturas.

Já a CP salientou, em comunicado, que as partes chegaram "a um acordo quanto ao regulamento de carreiras", sublinhando que o entendimento "é extensível a todas as categorias profissionais da CP, garantindo que todas as áreas da empresa beneficiem das melhorias acordadas".

Os restantes sindicatos que estavam em greve na sexta-feira cumpriram a paralisação. A greve contou com a adesão da Associação Sindical das Chefias Intermédias de Exploração Ferroviária (ASCEF), da Associação Sindical Independente dos Ferroviários da Carreira Comercial (ASSIFECO), do Sindicato Nacional dos Transportes, Comunicações e Obras Públicas (FENTCOP), do Sindicato Nacional dos Ferroviários do Movimento e Afins (SINAFE), do Sindicato Nacional Democrático da Ferrovia (Sindefer) e do Sindicato Independente dos Trabalhadores Ferroviários, das Infraestruturas e Afins (SINFA).

O Sindicato Independente Nacional dos Ferroviários (SINFB), o Sindicato Independente dos Operacionais Ferroviários e Afins (SIOFA), o Sindicato Nacional de Quadros Técnicos (SNAQ), a Federação dos Sindicatos dos Transportes e Comunicações (Fectrans), o Sindicato dos Transportes Ferroviários (STF), o Sindicato Nacional dos Maquinistas dos Caminhos de Ferro Portugueses (SMAQ) e o Sindicato Nacional dos Trabalhadores do Setor Ferroviário (SNTSF) também aderiram.

José Manuel Oliveira já tinha referido que o que está em causa são salários de entrada baixos, "muito próximos do salário mínimo nacional", bem como uma diferença reduzida entre a base e o topo da carreira para os trabalhadores da CP, que ronda os 100 euros.

Em consequência, conforme apontou, a empresa tem cada vez menos trabalhadores, apesar de o número de passageiros e o lucro terem aumentado.

A greve dos trabalhadores da CP -- Comboios de Portugal levou à supressão de 934 comboios dos 1.247 programados (74,9%) entre as 0h e as 22h de sexta-feira, segundo dados enviados à Lusa pela empresa.