Costa recusa comentar escutas e confirma que vai depor sobre caso das gémeas

À pergunta se gostou de ver reproduzidas na comunicação social escutas aparentemente sem incidências criminais, Costa disse apenas que “a resposta é óbvia”.

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António Costa numa conferência em Leiria PAULO CUNHA / LUSA
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O ex-primeiro-ministro António Costa recusou nesta segunda-feira comentar a divulgação de escutas do processo Infuencer, dizendo aguardar simplesmente. "Sobre esse tema, não vou falar. Não falo sobre esse processo, aguardo simplesmente", afirmou aos jornalistas António Costa, em Leiria, à margem de uma conferência na qual foi orador, sobre "Segurança Internacional — Economia e Sociedade", promovida pela Associação para o Desenvolvimento da Região de Leiria (ADLEI).

À pergunta se gostou de ver reproduzidas na comunicação social escutas aparentemente sem incidências criminais, o antigo primeiro-ministro socialista declarou: "Acho que a resposta é óbvia, mas, apesar disso, como já anunciei, não farei qualquer comentário sobre esse processo."

O Ministério Público (MP) abriu uma investigação a fugas de informação no processo Influencer, depois de ter sido divulgada pela CNN Portugal a transcrição de escutas a conversas telefónicas entre o ex-primeiro-ministro António Costa e o então ministro das Infra-estruturas João Galamba.

Ainda em Leiria, António Costa confirmou que vai depor na comissão parlamentar de inquérito ao caso das gémeas tratadas com o medicamento Zolgensma, aguardando que a Assembleia da República indique as condições em que o pode fazer.

"Aguardo que a Assembleia da República me diga e em que condições é que eu posso depor, mas claro que deporei, se há essa deliberação", afirmou António Costa, em Leiria.

Quando questionado sobre se vai depor presencialmente ou por escrito na comissão respondeu não ter sido "notificado de nada". O antigo chefe do executivo adiantou ter sabido da aprovação da sua audição pela comunicação social.

Na semana passada, PSD, IL e CDS-PP aprovaram o requerimento do Chega para a audição do antigo primeiro-ministro António Costa pela comissão parlamentar de inquérito ao caso das gémeas tratadas com o medicamento Zolgensma.

O requerimento para ouvir o antigo chefe de Governo foi aprovado com os votos favoráveis dos deputados do Chega, PSD, IL e CDS-PP, a abstenção de BE e PCP e os votos contra de PS, Livre e PAN.

De acordo com o regime jurídico dos inquéritos parlamentares, os ex-primeiros-ministros podem optar por "depor por escrito, se o preferirem".

Se for essa a opção de António Costa, terá de remeter à "comissão, no prazo de 10 dias a contar da data da notificação dos factos sobre que deve recair o depoimento, declaração, sob compromisso de honra, relatando o que sabem sobre os factos indicados", acrescenta o regime jurídico.

António Costa também comentou a notícia do dia sobre o défice orçamental de 0,2% no primeiro trimestre e disse que "o país tem todas as condições para manter a boa trajectória que tem tido".

"Estamos quase no final de Junho, ainda não chegámos ao final de Junho, ainda há muito caminho para fazer até ao final do ano, mas, seguramente, que o país tem todas as condições para manter a boa trajectória que tem tido", afirmou.

O ex-chefe do executivo destacou que a semana passada a Comissão Europeia retirou Portugal, "pela primeira vez em muito tempo, da situação de qualquer desequilíbrio e sendo um dos poucos países da União Europeia onde foi considerado sem nenhum desequilíbrio macroeconómico". "São boas notícias para o país", afiançou António Costa.