Candidato de extrema-direita agredido durante acção de campanha eleitoral em França

Onda de violência contra políticos na Europa continua a fazer vítimas. Desta vez foi um candidato do partido de Le Pen, atacado por homens vestidos de preto e com máscaras.

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A atmosfera política em França, em plena campanha eleitoral, está a endurecer GUILLAUME HORCAJUELO / EPA
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Atacantes vestidos de preto agrediram um candidato de extrema-direita na campanha antes das eleições parlamentares antecipadas em França, disse a polícia. Um outro político francês viu o seu nome escrito em ameaças de morte pintadas num muro de pedra, em mais um eco da violência contra políticos na Alemanha e noutros locais da Europa, como a Dinamarca ou a Eslováquia, à medida que a atmosfera política se torna mais dura.

Herve Breuil, candidato do partido da União Nacional (UN) de Marine Le Pen, foi alvo de um ataque na quinta-feira enquanto fazia campanha na cidade industrial de Saint-Etiénne, perto de Lyon, no centro de França. Os seus agressores vestiam-se de preto e usavam máscaras nos rostos, disseram os porta-vozes da polícia e das autoridades locais.

O Figaro, porém, cita fontes do Ministério Público que se referem a “um tumulto, insultos e salpicos de água e farinha”, que ocorreram por volta das 11h30 num mercado próximo da Bolsa de Trabalho, sem se referir a agressões físicas directas, acrescentando apenas que foi aberta uma investigação pela polícia.

Questionado pela AFP, Hervé Breuil, de 70 anos e candidato no 2.º círculo eleitoral do Loire, afirmou ter sido “atacado” por “um grupo de indivíduos mascarados” . Segundo um activista que o acompanhava, os alegados agressores eram “quatro, [...] todos vestidos de preto”, e teriam actuado no âmbito de “um ataque coordenado, precedido de reconhecimento”. Breuil disse ter sido levado a um pronto-socorro onde foi submetido a exames.

Le Pen culpou o que chamou "extremistas de extrema-esquerda" pelo ataque contra Breuil. "Uma campanha eleitoral em democracia não pode permitir actos de violência extrema como estes, levados a cabo por uma extrema-esquerda que está disposta a tudo para semear o caos", declarou Le Pen na rede social X. A UN decidiu suspender a campanha no círculo eleitoral onde ocorreu o incidente.

Também esta sexta-feira o deputado cessante do grupo parlamentar Liberdades, Independentes, Ultramar e Territórios, Pierre Morel-À-L'Huissier, denunciou na rede social X ter sido alvo de uma ameaça de morte, publicando a foto da mensagem "morte a Huissier" escrita em letras enormes numa parede de pedra. “Há anos que denuncio o aumento da violência em França. Lozère [a sua região], portanto, não é poupada. Qualquer ataque contra os candidatos e representantes eleitos da República é inaceitável!", escreveu.

Os atentados contra personalidades políticas, na sua maioria presidentes de câmara e vereadores, não param de aumentar em França. Registaram-se 2387 agressões físicas e verbais nos primeiros nove meses de 2023, em comparação com 2265 durante todo o ano de 2022, altura em que os incidentes aumentaram um terço em relação a 2021, segundo os últimos dados do Ministério do Interior.

As atmosferas políticas em França e na Alemanha foram endurecidas pela troca de farpas, muitas vezes através das redes sociais, e pelas divisões e retórica da política populista.

O Presidente Emmanuel Macron convocou eleições antecipadas depois de o seu partido ter sido derrotado pela UN nas eleições europeias. O partido de Le Pen lidera as sondagens, seguindo-se a coligação de esquerda Nova Frente Popular. A votação realiza-se em duas voltas, a 30 de Junho e 7 de Julho.

Notícia actualizada às 15h30 com novos pormenores e uma ameaça de morte a um deputado