DGS quer começar vacinação contra covid e gripe na segunda quinzena de Setembro

Pouco mais de metade das pessoas a partir de 60 anos decidiram vacinar-se contra a covid no último Inverno. Direcção-Geral da Saúde justifica pouca adesão com “saturação” da população.

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Apesar da diminuição da adesão à vacinação contra a covid, Portugal continua a ser um dos países com as taxas de cobertura vacinal mais elevadas Gregorio Cunha
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A Direcção-Geral da Saúde quer que a próxima campanha de vacinação sazonal (2024/2025) contra a gripe e a covid-19 arranque mais cedo do que na época passada, logo na segunda quinzena de Setembro, mas o cumprimento desta meta fica dependente da entrega das doses, explicou esta quinta-feira a directora-geral da Saúde, Rita Sá Machado.

A população elegível pela idade – a partir dos 60 anos – será preferencialmente vacinada nas farmácias, mas pode optar pelos centros de saúde, e a única novidade é que a vacina da gripe de dose elevada, que na última campanha apenas foi dada aos idosos residentes em lares, será este ano gratuita para todas as pessoas a partir dos 85 anos, que poderão optar por ser imunizadas nas farmácias.

Tal como aconteceu nos outros anos, a vacinação vai começar pelas pessoas com doenças de risco, os profissionais de saúde e os residentes em lares e a população prisional, chegando de seguida aos cidadãos a partir dos 60 anos. As vacinas serão adaptadas às variantes em circulação.

O grande desafio vai ser o de convencer mais pessoas a vacinar-se contra a covid, numa altura em que a adesão à vacinação está a diminuir em todo o mundo e Portugal não é excepção. Os dados da última campanha de vacinação sazonal comprovam-no: apenas 56,1% da população elegível pela idade (a partir dos 60 anos) decidiu vacinar-se contra a covid, uma redução generalizada em todas as faixas etárias relativamente à época anterior, enquanto a adesão à vacinação contra a gripe se manteve, com uma taxa de cobertura de 66,3%.

"Frustração e saturação"

"As principais barreiras à vacinação identificadas referem-se à frustração e saturação da população elegível face à vacinação e ao receio dos efeitos secundários das vacinas no caso de pessoas não vacinadas, bem como à imunização natural resultante do contágio pelo vírus no início da época de vacinação", explica a Direcção-Geral da Saúde no Relatório de Avaliação da Campanha de Vacinação Sazonal esta quinta-feira divulgado.

As coberturas vacinais mais elevadas ocorreram na população a partir dos 80 anos, mas também nos mais idosos a adesão à vacinação contra a gripe foi substancialmente superior à da vacina contra a covid-19 — 78,9% e 66,4%, respectivamente. A menor adesão foi registada na população com idade compreendida entre os 60 e 64 anos — apenas 40,1% na vacinação contra a covid e 44,66%, na imunização contra a gripe —, especifica a DGS, que reconhece a necessidade de “estratégias diferenciadas para abordar a hesitação vacinal”.

No total, na última campanha foram administradas 1.992.430 doses de vacinas contra a covid e 2.495.305 doses de vacinas contra a gripe, 1,6 milhões das quais em regime de co-administração. Cerca de 70% das doses foram administradas nas farmácias comunitárias, que participaram pela primeira vez na operação na campanha 2023-2024, e vão continuar a vacinar na próxima época.

Na última campanha, revela ainda a DGS, foram notificados 282 casos de suspeita de reacções adversas (206 após a vacinação contra a covid e 57, no caso da imunização contra a gripe), correspondendo a 6,28 casos por 100 mil vacinas administradas. Destes, 112 foram considerados graves, refere a DGS, frisando que as reacções adversas às vacinas contra a gripe e contra a covid-19 notificadas e os casos graves “são pouco frequentes”.

Apesar da diminuição da adesão à vacinação contra a covid, Portugal continua a ser um dos países com as taxas de cobertura vacinal mais elevadas. Ainda que a comparação dos resultados seja difícil, porque muitos países não divulgam informação, segundo o relatório de vigilância da cobertura vacinal nas campanhas de vacinação sazonal 2023-2024 do Centro Europeu de Prevenção e Controle de Doenças (ECDC, na sigla em inglês), Portugal é "um dos seis países (em 27) que reporta uma cobertura igual ou superior a 50% para a população com 60 ou mais anos de idade", destaca a DGS.

Por grupos etários, Portugal é "o terceiro país da UE/EEE [União Europeia/Espaço Económico Europeu] com maior cobertura vacinal na população com 60-69 anos, 43,5%, a seguir à Suécia e Dinamarca, enquanto no grupo 70-79 anos "é o sétimo país com maior cobertura vacinal" e na população com 80 ou mais anos é o sexto país com maior cobertura vacinal, especifica a DGS.

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