Sondagem: Primeiro-ministro britânico pode perder lugar de deputado nas eleições

Inquérito da Savanta para o Telegraph atribui apenas 53 deputados ao Partido Conservador e 516 aos trabalhistas. Outras duas sondagens são menos dramáticas, mas reforçam favoritismo do Labour.

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Rishi Sunak, primeiro-ministro conservador do Reino Unido BENJAMIN CREMEL / VIA REUTERS
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Nenhuma das três sondagens sobre as intenções de voto dos britânicos para as eleições legislativas de 4 de Julho publicadas esta quarta-feira trazem boas notícias para o Partido Conservador e para o primeiro-ministro, Rishi Sunak, mas o inquérito da Savanta para o Telegraph é particularmente terrível para os tories, cuja campanha não podia estar a correr pior.

Segundo esta sondagem, que se baseia nas respostas de 18 mil pessoas que foram consultadas entre 7 e 18 deste mês, e que tenta calcula o resultado em cada um dos 650 círculos eleitorais do Reino Unido, os conservadores podem eleger apenas 53 deputados e Sunak pode tornar-se o primeiro chefe de Governo britânico a perder o seu lugar no Parlamento numas eleições nacionais.

O primeiro-ministro tory é um entre os quase três quartos de membros do actual executivo que arriscam não ser eleitos. Sunak concorre novamente pelo círculo eleitoral de Richmond, em Yorkshire, que, segundo as estimativas da Savanta, pode ser conquistado por Tom Wilson, candidato do Partido Trabalhista.

Confirmando-se estas projecções, os 53 deputados atribuídos ao Partido Conservador podem equivaler à mais reduzida bancada parlamentar tory da História moderna. Os conservadores teriam menos 312 representantes na Câmara dos Comuns do que aqueles elegeram nas últimas eleições, em 2019, quando Boris Johnson era primeiro-ministro.

Com estas projecções, só por muito pouco é que o Partido Conservador não é substituído pelos Liberais Democratas como partido da oposição oficial; o inquérito atribui 50 deputados aos centristas.

No lado vencedor da sondagem, o Partido Trabalhista, liderado por Keir Starmer, aponta a uns impressionantes 516 deputados e uma maioria de 382 membros. É mais do dobro da maioria de 179 deputados alcançada em 1997 pelo antigo primeiro-ministro do Labour Tony Blair e são mais 314 deputados que a actual bancada trabalhista.

O estudo da Savanta para o Telegraph – um diário próximo do Partido Conservador e posicionado editorialmente no espectro ideológico da direita, que publicou estes números com um deprimente e garrafal título (“Tory wipeout”, algo como “aniquilação tory”) – atribui ainda oito deputados ao Partido Nacional Escocês (SNP), quatro ao Plaid Cymru (O Partido do País de Gales) e um ao Partido Verde.

O Reform UK, que se tem aproximado dos conservadores nas intenções de voto em termos percentuais desde que Nigel Farage lhe tomou as rédeas do partido populista e de direita radical, não elege qualquer deputado segundo esta sondagem. Tal como se esperava, mais do que servir para lutar por vitórias, o crescimento do Reform deverá dividir o voto do eleitorado conservador, beneficiando candidaturas de partidos como o Labour ou os Liberais Democratas.

O Reino Unido tem um sistema eleitoral de “first past the post”, segundo o qual é apenas eleito, em cada círculo, o candidato que alcançar mais votos. Neste sistema, o número total de votos nos partidos é, por isso, irrelevante.

Um outro estudo publicado esta quarta-feira, elaborado pela YouGov para o Times, não tem números tão devastadores para o Partido Conservador como o da Savanta. Mas é igualmente cruel para as perspectivas eleitorais do partido que governa o Reino Unido há 14 anos.

Segundo inquérito da YouGov, o Partido Trabalhista pode eleger 425 deputados – mais 223 que em 2019 e uma impressionante maioria de 200 –, ao passo que o Partido Conservador se arrisca a eleger apenas 108 (menos 257). Liberais Democratas (67), SNP (20), Reform (cinco), Plaid Cymru (quatro) e Verdes (dois) fecham a contagem.

Uma terceira sondagem divulgada esta quarta-feira, da More in Common, atribui 406 deputados ao Labour (maioria de 162) e 155 deputados aos tories.

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