Caso das gémeas: filho de Marcelo recusa prestar esclarecimentos à comissão

Nuno Rebelo de Sousa admite, porém, estar presente em audição “em momentos futuros”, segundo uma carta assinada pelo seu advogado, Rui Patrício.

Foto
Gémeas foram tratadas no Hospital de Santa Maria Miguel Manso
Ouça este artigo
00:00
02:53

O filho do Presidente da República comunicou à comissão parlamentar de inquérito sobre o caso das gémeas que recusa prestar esclarecimentos, admitindo estar presente em audição "em momentos futuros", segundo um documento ao qual a Lusa teve nesta quarta-feira acesso. A notícia foi confirmada pela agência Lusa junto de fontes parlamentares depois de ter sido avançada no dia anterior pela CNN Portugal.

"Não pretenderá o senhor dr. Nuno Rebelo de Sousa prestar qualquer depoimento na Comissão Parlamentar de Inquérito em causa ou fornecer qualquer esclarecimento ou ponderar fornecer qualquer documento, e, aliás, não apenas perante a CPI, mas perante qualquer outra entidade que não a entidade dominus do inquérito criminal que, como é público, o Ministério Público está a conduzir", lê-se na carta assinada por Rui Patrício, advogado do filho do Presidente da República.

No entanto, o filho de Marcelo Rebelo de Sousa, que reside no Brasil, "não exclui, evidentemente, poder vir a Portugal em momentos futuros e, sendo tal possível, conveniente e útil para os trabalhos dessa comissão, estar presente em audição".

"Não haja dúvidas de que o senhor dr. Nuno Rebelo de Sousa exercerá o seu direito, legal e constitucionalmente consagrado, a sobre eles não depor, nem os abordará fora do aludido processo-crime e dos seus trâmites legais, pelo menos enquanto contra si correr termos tal processo (no qual prestou e poderá porventura prestar ainda, no quadro e nos termos da totalidade dos direitos e faculdades que o seu estatuto processual lhe confere, esclarecimentos)", refere o documento.

Ainda assim, o advogado lembra que o filho do chefe de Estado não se irá opor a que a comissão parlamentar de inquérito tenha acesso "aos esclarecimentos orais e escritos por si já prestados, respectivamente sob a forma de declarações via carta rogatória e de memorial escrito com documentos por nós subscrito, ambos no decorrer do mês de Maio do corrente ano, no âmbito do referido processo-crime".

"Caso o Ministério Público titular do inquérito, devidamente oficiado por V. Exas, consinta em que essa comissão tome conhecimento de tais elementos, aqui fica expresso, para todos os efeitos, o consentimento por parte do N/Representado e, bem assim, o dos signatários", sustenta.

A carta, todavia, nunca esclarece se o filho do Presidente da República já foi constituído arguido, apesar de mencionar que tem um processo criminal a decorrer contra si. A agência Lusa já contactou a Procuradoria-Geral da República (PGR) sobre o caso, mas ainda aguarda resposta.

O filho do Presidente da República "não prevê estar presente em Portugal num futuro próximo", justificando ter "várias obrigações profissionais e familiares no país da sua residência".

Hoje, às 14h, a comissão parlamentar de inquérito vai analisar, em reunião de mesa e coordenadores, a resposta de Nuno Rebelo de Sousa à convocatória para audição.

As audições da comissão de inquérito sobre o caso das gémeas tratadas no Hospital de Santa Maria, em Lisboa, com um medicamento que tem um custo de dois milhões de euros por pessoa, arrancaram segunda-feira, com o depoimento do ex-secretário de Estado Adjunto e da Saúde António Lacerda Sales.