Costa adverte que União Europeia não pode adiar reformas orçamental e institucional

Antes do alargamento “mais importante e exigente”, são precisas reformas institucionais e orçamentais na União Europeia, defende António Costa.

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António Costa esteve, esta terça-feira, numa conferência intitulada "Europa e o futuro: a nova legislatura" ANTÓNIO COTRIM / LUSA
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O ex-primeiro-ministro António Costa advertiu, esta terça-feira, que a União Europeia não pode adiar as suas reformas institucional e orçamental antes de proceder ao alargamento e assinalou que as forças democráticas continuam em maioria nas instituições europeias.

Estas posições foram defendidas por António Costa, apontado como provável futuro presidente do Conselho Europeu, numa conferência promovida em Lisboa pela Abreu Advogados e pela Embaixada da Bélgica, intitulada "Europa e o futuro: a nova legislatura". Uma conferência que contou com a presença de Herman Van Rompuy, antigo presidente do Conselho Europeu (2009/2014) e primeiro-ministro belga (2008/2009).

No plano político, António Costa advogou a tese de que não se deve "dramatizar excessivamente as circunstâncias" inerentes à actual conjuntura política, apontando que, ao contrário das expectativas, as correntes populistas não cresceram substancialmente nas últimas eleições europeias e que a três famílias políticas tradicionais – democratas-cristãos, socialistas e liberais – continuam com ampla maioria.

O ex-primeiro-ministro identificou depois como primeiro desafio da União Europeia "garantir a paz e a segurança na Europa", sobretudo através do apoio ao esforço de guerra da Ucrânia.

"Não podemos aceitar que seja a Rússia a impor os termos da paz", acentuou, antes de se referir à questão dos países candidatos ao alargamento.

"Não é mais um alargamento. Será o mais importante e mais exigente que alguma vez fez a União Europeia. Criámos expectativas à Ucrânia, Geórgia e aos países dos Balcãs Ocidentais. Não temos legitimidade para frustrarmos essas expectativas, sobretudo a quem combate na Ucrânia", salientou.

Na parte final da sua intervenção, o anterior líder socialista foi ainda mais longe em defesa da sua tese, assinalando que os actuais Estados-membros têm de observar bem os seus próprios critérios "para acolher bem aqueles" que foram convidados a juntarem-se à União Europeia.

"Sejamos realistas, são precisas reformas institucionais e orçamentais para que o novo alargamento seja um sucesso. Esta não é uma razão para adiarmos o alargamento. É uma razão para não adiarmos o nosso trabalho de casa", contrapôs o ex-primeiro-ministro.

Depois, avançou com um exemplo da vida diária para fundamentar a sua posição: "Quando convidamos alguém para jantar em nossa casa, temos de ter mesa, temos de ter cadeiras e comida".

"Convidámos nove países para se juntarem e, por isso, temos de criar boas condições para os acolher. O sucesso não depende só do trabalho que a Ucrânia tem de fazer, mas do trabalho que temos de fazer", reforçou.

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