CP lucra 3,6 milhões de euros, com aumento de 17% de passageiros
Há 25 anos que não circulavam tantos passageiros na rede ferroviária em Portugal. Operadora pública ferroviária regista lucros pelo segundo ano consecutivo.
Pelo segundo ano consecutivo, a Comboios de Portugal (CP) conseguiu atingir um resultado operacional positivo, depois dos lucros históricos registados em 2022. No exercício de 2023, a CP registou um balanço positivo na ordem dos 3,6 milhões de euros — em 2022 tinham sido cerca de oito milhões de euros —, em grande parte justificados pelo aumento no número de passageiros — subida de 17% face ao ano anterior — e pela existência de um contrato de serviço público que compensa a operação da CP, em particular nas linhas mais deficitárias.
No primeiro ano sem restrições à mobilidade depois da pandemia de covid-19, a CP transportou mais de 173 milhões de passageiros em toda a rede, um aumento de 31 milhões de viagens face a 2022. Ainda longe do recorde absoluto de passageiros transportados por via ferroviária — 229 milhões de passageiros em 1989 —, há um quarto de século que não andava tanta gente de comboio em Portugal. Este valor foi atingido muito à custa do crescimento da procura nos eixos suburbanos.
Em comunicado enviado às redacções nesta terça-feira, o presidente do conselho de administração da CP, Pedro Moreira, diz que a transportadora ferroviária pública está a “reforçar a posição de liderança enquanto maior transportador terrestre nacional”, numa estratégia que passa pela “reabertura de oficinas e recuperação de material circulante”.
A nível de operação a maior novidade esteve — já no final do ano — no reforço, ainda que curto, do Alfa Pendular — comboio premium de velocidade elevada que liga o eixo Braga-Porto-Lisboa-Faro —, permitindo aumentar a oferta deste serviço puramente comercial (que não recebe compensação do Estado para operar). A procura pelo Alfa Pendular aumentou em 2023 na ordem dos 36%.
Também o Passe Ferroviário Nacional, criado em Agosto de 2023, impulsionou a procura no serviço regional, permitindo viagens ilimitadas nos comboios desta tipologia por 49 euros por mês. A cumprir-se o definido no Orçamento do Estado de 2024, o Passe Ferroviário Nacional deverá ser alargado em Julho a todos os serviços inter-regionais e ainda a algumas ligações de longo curso servidas por comboios Intercidades, antevendo-se um aumento de procura motivado pela redução do preço das assinaturas nestes eixos.
No entanto, o atraso nas obras ferroviárias em curso — responsabilidade da Infraestruturas de Portugal — e as disputas judiciais em torno dos concursos para a aquisição de material circulante limitam a ambição da empresa, que se tem mostrado incapaz de reforçar a oferta nos períodos de maior procura e oferecer novas ligações aos passageiros competitivas com o serviço rodoviário.