Pelo menos 11 mortos e dezenas de desaparecidos em dois naufrágios no Mediterrâneo

Entre os mortos e os desaparecidos estão crianças, algumas com poucos meses de vida. Migrantes vinham da Síria, Egipto, Paquistão, Bangladesh, Irão e Iraque.

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Sobreviventes do barco que partiu da Turquia e naufragou ao largo da Calábria chegam a terra Antonello Lupis / EPA
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Onze pessoas morreram e mais de 60 estão desaparecidas, incluindo 26 crianças, na sequência de dois naufrágios de migrantes ao largo da costa sul de Itália, informaram na segunda-feira grupos de ajuda humanitária, funcionários da guarda costeira e agências das Nações Unidas.

O grupo de ajuda alemão RESQSHIP, que opera o barco de resgate Nadir, disse que retirou 51 pessoas de um barco de madeira que se estava a afundar, incluindo duas que estavam inconscientes, e encontrou dez corpos presos no convés inferior da embarcação.

Os sobreviventes foram entregues à guarda costeira italiana e levados para terra na segunda-feira de manhã, enquanto o Nadir se dirigia para a ilha italiana de Lampedusa, rebocando o barco de madeira com os falecidos, disse a instituição.

O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), a Organização Internacional para as Migrações (OIM) e a Unicef, a agência da ONU para a infância, afirmaram num comunicado conjunto que o barco tinha partido da Líbia, transportando migrantes da Síria, Egipto, Paquistão e Bangladesh.

O segundo naufrágio ocorreu a cerca de 200km (125 milhas) a leste da região italiana da Calábria, quando um barco que tinha partido da Turquia se incendiou e virou, disseram as agências.

As agências informaram que 64 pessoas estavam desaparecidas no mar, enquanto 12 foram resgatadas e levadas para terra pela guarda costeira italiana, incluindo uma grávida. O corpo de uma mulher foi também recuperado e levado para terra.

Shakilla Mohammadi, uma funcionária da organização Médicos sem Fronteiras (MSF), disse ter ouvido de sobreviventes que 66 pessoas estavam desaparecidas, incluindo pelo menos 26 crianças, algumas com apenas alguns meses de idade.

“Famílias inteiras do Afeganistão estão presumivelmente mortas. Partiram da Turquia há oito dias e tinham-se abastecido de água para três ou quatro dias. Disseram-nos que não tinham coletes salva-vidas e que algumas embarcações não pararam para os ajudar”, declarou em comunicado.

As agências da ONU disseram que os migrantes do segundo naufrágio eram provenientes do Irão, da Síria e do Iraque.

Os naufrágios confirmam a reputação do Mediterrâneo central como uma das rotas migratórias mais perigosas do mundo. De acordo com dados da ONU, mais de 23.500 migrantes morreram ou desapareceram nas suas águas desde 2014.

As agências da ONU apelaram aos governos da UE para que intensifiquem os esforços de busca e salvamento no Mediterrâneo e alarguem os canais de migração legais e seguros, para que os migrantes “não sejam forçados a arriscar a vida no mar”.