Governo promete estudar propostas dos bombeiros para valorizar carreira e pagamentos

Primeiro-ministro e diversos membros do executivo estão na zona afectada pelos incêndios de Junho de 2017 para assinalar a data. Programa do Governo prevê a reestruturação do sector dos bombeiros.

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Há um ano, foi inaugurado o monumento às vítimas dos incêndios de Pedrógão Grande em 2017 Adriano Miranda
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O secretário de Estado da Protecção Civil, Paulo Simões Ribeiro, prometeu nesta segunda-feira estudar os pedidos que ouviu da Liga dos Bombeiros Portugueses e dos bombeiros voluntários numa reunião em Figueiró dos Vinhos sobre o aumento dos meios técnicos e das remunerações dos voluntários e dos profissionais, assim como sobre a necessidade de reorganizar a estrutura de comando operacional no território.

Diversos membros do Governo estão nesta segunda-feira nos concelhos atingidos pelo grande incêndio de Junho de 2017, em Pedrógão Grande, Castanheira de Pêra e Figueiró dos Vinhos, que provocou 66 mortos e cerca de 250 feridos, tendo destruído meio milhar de casas e meia centena de empresas.

Paulo Simões Ribeiro recusou, no entanto, comprometer-se sobre quando e quais as medidas que o Governo tenciona tomar, alegando que não se pode exigir que se faça em 70 dias aquilo que o anterior executivo não fez em mais de 1100 dias — um argumento repetido amiúde por todos os governantes. O secretário de Estado afirmou que foi a Figueiró dos Vinhos para "ouvir quem está no terreno, ou seja, os bombeiros e corporações sobre as dificuldades e perspectivas de futuro" porque o Programa do Governo prevê a análise da reestruturação do sector operacional dos bombeiros e valorização da carreia dos voluntários e profissionais.

Sobre possíveis mudanças neste momento, o secretário de Estado argumentou que "o trabalho está feito" para o plano de combate deste ano e que o país está "a meio da fase Charlie", que arrancou no início deste mês e que a 1 de Julho eleva o nível de prontidão para a fase Delta. "O que há são os meios que temos no terreno."

"Temos de pensar em trabalhar para o futuro nessa eficácia [do combate], mas não é agora que vamos fazer isso. Este Governo é quase um recém-nascido; não podemos resolver em 70 dias o que não foi resolvido em 1150 dias", afirmou o secretário de Estado, alegando que, quando o novo executivo tomou posse, "a directiva operacional ainda nem estava aprovada; foi aprovada a 14 de Maio". "Tivemos de olhar para as coisas mais urgentes", reforçou o titular da pasta da Protecção Civil.

"Os meios que existem são os que são. Temos de gerir melhor os nossos recursos, sejam eles materiais ou financeiros." Paulo Simões Ribeiro lembrou que a região do Pinhal Interior padece de meios humanos para o combate aos incêndios por causa da desertificação.

Admitiu que é preciso criar e valorizar a carreira de bombeiro e "torná-la mais atractiva e depois olhar para os mecanismos de incentivo ao voluntariado, estudá-los e a seu tempo. Quando tivermos novidades, daremos conta delas", prometeu. Dentro de dois dias haverá outra reunião de trabalho do Governo com as estruturas de bombeiros, acrescentou o secretário de Estado.

Questionado pelos jornalistas sobre a hipótese de os bombeiros passarem a receber o equivalente ao salário mínimo nacional, o que elevaria o preço por hora dos dois para os quatro euros, o secretário de Estado deixou um lacónico: "Vamos ver."

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