Auditoria diz que SAD do Benfica não foi lesada – mas alerta para transparência nos negócios

Auditoria forense pedida por Rui Costa após Operação Cartão Vermelho não identifica suspeitas de gestão danosa, mas aponta para comissões excessivas e questões de transparência.

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Auditoria forense conhecida esta sexta-feira Matilde Fieschi
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“Não identificámos nenhuma situação ou particularidade em que a SAD do Benfica tenha sido lesada por qualquer um dos seus representantes.” Foi conhecido esta sexta-feira o veredicto da tão aguardada auditoria forense prometida pelo presidente do Benfica, Rui Costa. A consultora EY analisou transferências de jogadores e relações com agentes num período compreendido entre 2008 e 2022, numa acção promovida por Rui Costa após a Operação Cartão Vermelho, investigação que levou à detenção e demissão do agora ex-presidente do Benfica Luís Filipe Vieira.

Apesar de o relatório com 208 páginas, a que o PÚBLICO teve acesso, não apontar para suspeitas de favorecimento ilícito de qualquer dirigente investigado, a verdade é que dá alguns indicadores sobre práticas que o Benfica deve melhorar. Uma destas prende-se com o facto de as “águias” terem desembolsado comissões acima dos guidelines da FIFA em 71% das 51 transacções analisadas. A FIFA recomenda que os clubes não paguem mais de 3% da remuneração bruta, algo que não aconteceu na esmagadora maioria dos negócios. Em 44% dos casos, o clube da Luz chegaria a ultrapassar os 10% do valor da transferência com gastos na comissão de intermediários.

Outra das preocupações referidas na auditoria prende-se com o facto de, em 15 negócios, não ter sido possível apurar “a estrutura accionista completa” das entidades com que o Benfica estabeleceu relação. Há ainda dez negócios em que foi estabelecida uma relação com empresas sediadas em paraísos fiscais e outras dez em que foi reconhecido conflito de interesses entre o agente e o próprio jogador.

Há ainda um alerta relativo às assinaturas nos contratos analisados: em alguns casos, apenas estava presente a assinatura de um único membro do conselho de administração, algo que contraria os próprios estatutos da Benfica SAD. Em todos os contratos, pelo menos dois responsáveis têm de dar "luz verde", assinando os documentos.

No balanço feito aos 57 negócios, a EY diz que o balanço contabilístico é claramente positivo para os cofres da Benfica SAD, afastando a hipótese de as “águias” terem sido lesadas. Ainda assim, a consultora deixa algumas salvaguardas: a informação analisada foi maioritariamente fornecida pelo Benfica, não tendo a EY feito qualquer verificação sobre a autenticidade dos documentos. Nos casos em que foram apenas visualizadas cópias, a consultora não procedeu à verificação de concordância com os respectivos originais. Posto isto, a empresa responsável pela auditoria não se responsabiliza quanto à veracidade da informação fornecia pelas "águias" que serviu de base à auditoria.

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