Suíça alerta para ciberataques e desinformação antes da cimeira para a paz na Ucrânia

Governo suíço evita culpar Moscovo directamente e diz que a Rússia deverá estar envolvida num futuro processo de paz.

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A Presidente da Suíça, Viola Amherd, e o ministro dos Negócios Estrangeiros, Ignazio Cassis PETER SCHNEIDER / EPA
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A preparar-se para receber a cimeira para a paz na Ucrânia, a Suíça registou nas últimas semanas um aumento de ataques informáticos e de desinformação, informou o Governo esta segunda-feira. Noventa Estados e organizações, incluindo Portugal, registaram-se para participar nas conversações que terão lugar numa estância perto da cidade central de Lucerna, de 15 a 16 de Junho, cerca de metade dos quais da América do Sul, Ásia, África e Médio Oriente.

A Rússia não foi convidada, mas o Governo suíço disse que as conversações tinham como objectivo “definir conjuntamente um roteiro” sobre a forma de envolver tanto a Rússia como a Ucrânia num futuro processo de paz.

A Presidente da Suíça, Viola Amherd, disse numa conferência de imprensa que os ataques informáticos aumentaram nas últimas semanas e foi questionada sobre como o seu executivo estava a lidar com os ataques pessoais contra ela nos meios de comunicação russos, que foram divulgados na Suíça.

“Não convocámos o embaixador”, disse Amherd. “É assim que eu queria, porque a campanha de desinformação é tão extrema que se pode ver que pouco dela reflecte a realidade.”

O ministro dos Negócios Estrangeiros, Ignazio Cassis, disse que havia um claro “interesse” em perturbar as conversações, mas evitou dizer quem estava por detrás dos ataques, quando questionado se a Rússia estava envolvida.

A Suíça concordou em acolher a cimeira a pedido do Presidente ucraniano Volodymyr Zelensky e tentou angariar apoio entre os países que têm melhores relações com Moscovo do que as principais potências ocidentais.

A Rússia considerou a cimeira uma perda de tempo. Segundo a Suíça, a Rússia não foi convidada porque já tinha manifestado o seu desinteresse em participar. Cassis reiterou, no entanto, que a Rússia deve fazer parte do processo de paz.

A sua ausência encorajou poderosos aliados de Moscovo, como a China, a dizer que não faz sentido haver conversações de paz sem a participação conjunta da Rússia e da Ucrânia. Isso reduziu as expectativas de qualquer tipo de avanço importante na Suíça.

A cimeira na estância de Buergenstock deverá discutir áreas de interesse internacional, como a necessidade de segurança nuclear e alimentar, a liberdade de navegação, bem como questões humanitárias, como a troca de prisioneiros de guerra, disse Cassis.

A Turquia e a Índia participarão, disseram as autoridades suíças, embora não tenha ficado claro em que nível. Não ficou claro se o Brasil e a África do Sul participariam.

Cerca de metade dos países participantes será representada por chefes de Estado ou de governo, disse a Suíça.

A cimeira deverá ser concluída com uma declaração final, “idealmente” apoiada por unanimidade, disse Cassis. O objectivo é também definir qual será o próximo passo no processo de paz.

Quando questionado sobre quem poderia suceder à Suíça na próxima fase, Cassis disse que não podia dar detalhes, mas observou que estavam em curso esforços para algo “fora da parte ocidental do mundo”. Isso poderia impulsionar a inclusão do “Sul Global e dos países árabes” no processo, acrescentou.

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