Votantes em Faro dispararam 60%. Os efeitos do voto em mobilidade

Voto em mobilidade e menor abstenção fizeram com que mais gente fosse votar, até nos distritos onde os cadernos eleitorais encolheram. Eleitores em Faro aumentaram 60%, Porto com mais 73 mil votantes.

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As eleições europeia deste domingo foram as primeiras em que os votantes podiam ir às urnas em qualquer local do país Nuno Ferreira Santos
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O número de votantes no distrito de Faro nas eleições europeias deste domingo aumentou quase 60% em relação aos registos de 2019. A região contabilizou mais de 163 mil votos nesta ida às urnas, quase mais 61 mil votos do que nas eleições de há cinco anos — mas o número de inscritos só aumentou 1,64% nesse mesmo período de tempo, de 380,5 mil para pouco menos de 386,8 mil. Foi o distrito com o maior aumento percentual de votantes de um acto eleitoral europeu para o outro, apesar de o número de inscritos ser quase o mesmo do que em 2019.

São resultados eleitorais que se explicam com dois fenómenos: em primeiro lugar, o decréscimo na abstenção, com o país a alcançar uma afluência às urnas de 37,52%, consideravelmente acima dos 30,75% registados em 2019 no país. Em segundo lugar, terá pesado também o voto em mobilidade, que permitiu aos eleitores irem às urnas em qualquer local de voto — mesmo aqueles que aproveitaram o fim-de-semana grande para passarem uns dias no Algarve.

Faro com mais 61 mil votantes do que há cinco anos

Faro foi das poucas regiões que viu o número de inscritos aumentar, embora ligeiramente, em 1,63%, entre 2019 e 2024 — algo que só aconteceu também em Setúbal (2,32%), Braga (0,41%) e no arquipélago dos Açores (0,36%). Ainda assim, esse aumento foi de apenas 6245 inscritos, enquanto o número de votantes foi quase 10 vezes superior a isso: quase mais 61 mil votantes do que em 2019.

Porto e Açores tinham os mesmos inscritos, mas votantes dispararam

A queda na abstenção e o voto em mobilidade resultam numa conjugação de factores que explica como é que o número de votantes aumentou em todos os distritos, mesmo naqueles em que o número de inscritos decresceu ou se manteve praticamente o mesmo. O distrito do Porto, onde o número de inscritos se manteve praticamente inalterado, descendo em pouco mais de 2000 pessoas, foi aquele em que o número absoluto de votantes mais aumentou: mais 73 mil pessoas foram às urnas este ano em relação a 2019, um acréscimo de 12,6%.

Algo semelhante aconteceu nos Açores: os cadernos eleitorais só tinham mais 833 nomes face à lista de 2019, mas houve mais 12,8 mil pessoas a votar no arquipélago. É um aumento de 29,9% face às eleições europeias passadas.

Eleitores aumentaram mesmo onde os inscritos diminuíram

Na Guarda, que registou um decréscimo de 7,25% nos inscritos em relação às eleições passadas (a maior diminuição percentual de todo o país), os votantes aumentaram em 26%, em 12.850 pessoas. Viseu foi o distrito onde o número absoluto de inscritos para as eleições mais diminuiu, perdendo mais de 13 mil eleitores de 2019 para 2024 (-3,8%). Ainda assim, o número de votantes aumentou em quase 30 mil pessoas, o correspondente a um acréscimo de 28% face às últimas eleições europeias.

Em Lisboa, o número de eleitores ultrapassou os 800 mil graças a um aumento de 69 mil votantes no distrito. Ainda assim é o crescimento mais tímido de Portugal Continental: foram só mais 9,4% do que em 2019, embora o número de eleitores se tenha mantido quase o mesmo. Abaixo da capital só mesmo o arquipélago da Madeira, onde havia de facto menos inscritos — uma diferença de 3000 pessoas em relação há cinco anos (-1,2%) — e onde o número final de votantes cresceu 6,8%, em 6000 pessoas.

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