Activistas acusam PSP de “abuso de força” em protesto pró-Palestina em comício da AD
Um manifestante terá sofrido ferimentos durante a intervenção da PSP que interrompeu um protesto pró-palestiniano à margem do comício de Ursula von der Leyen no Porto.
Um "grupo informal de activistas" pró-palestinianos acusa a Polícia de Segurança Pública (PSP) de "abuso de força" durante uma intervenção para travar um protesto que interrompeu um comício da Aliança Democrática (AD), esta quinta-feira, no Porto.
À Lusa, fonte da PSP confirmou uma detenção por "resistência e coação sobre funcionário" na sequência do protesto, durante o discurso de Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia e candidata do Partido Popular Europeu a um segundo mandato.
Os activistas acusam a polícia de "recusar, num primeiro momento, acesso ao tratamento médico" a um manifestante, que terá "deslocado o ombro” e “aberto a cabeça”, tendo mais tarde sido encaminhado para o hospital.
Von der Leyen tinha começado a discursar num comício da AD na Praça D. João I, no centro do Porto, dirigindo elogios ao presidente do PSD e primeiro-ministro Luís Montenegro, e ao cabeça de lista da AD, Sebastião Bugalho, quando cerca de 20 manifestantes interromperam as suas palavras gritando "Palestina Livre" e exibindo as mãos pintadas de vermelho, numa referência ao sangue das vítimas do conflito.
Num comunicado a que o PÚBLICO teve acesso, os activistas afirmam que o protesto decorria de forma pacífica até ao momento em que “começaram a gritar ‘Von der Leyen, you can't hide, you are funding genocide’ [Von der Leyen não te podes esconder, estás a financiar um genocídio]”, quando, garantem, o grupo foi cercado “de forma agressiva por apoiantes da AD, seguranças privados e pela polícia” e, “de forma aleatória e sem qualquer justificação legal, duas activistas foram detidas e uma outra identificada”. A PSP confirma apenas uma detenção.
“Perante este cenário de evidente abuso da força por parte dos agentes, a AD foi não apenas conivente com estes actos, como também contribuiu para o escalar da violência contra as activistas que se protestavam contra o genocídio em curso na Palestina”, acusa o grupo.
Von der Leyen tentou ignorar o protesto e continuar o discurso num primeiro momento, acabando por se dirigir aos manifestantes: "Se vocês estivessem em Moscovo, estavam agora na prisão."
Em comunicado, os activistas respondem à declaração da presidente da Comissão Europeia: “É quase irónico ver alguém que ignora o regime colonial de ocupação e apartheid israelita encher a boca para falar em liberdade”.
A antiga ministra alemã da Defesa, que concorre a um novo mandado na liderança da Comissão, tem sido criticada pela sua gestão da crise no Médio Oriente, sobretudo pela deslocação a Israel, em Outubro de 2023, na qual expressou apoio ao governo israelita, sem apelar na altura à contenção na resposta militar que se seguiu ao ataque do Hamas.