Antigo chefe dos serviços secretos Dick Schoof proposto para primeiro-ministro dos Países Baixos

Novo governo pode estar operacional no final de Junho

Foto
Dick Schoof deverá ser o próximo primeiro REUTERS/Piroschka van de Wouw
Ouça este artigo
00:00
02:38

Dick Schoof, antigo chefe dos serviços secretos holandeses, afirmou na terça-feira que irá defender o Estado de direito e governar para todos, depois de ter sido proposto para primeiro-ministro do novo governo de direita.

Schoof disse ter sido convidado pelos quatro partidos que irão formar o novo governo para o liderar – e não apenas pelo PVV nacionalista de Geert Wilders, o vencedor das eleições de 22 de Novembro. “Não estou filiado em nenhum partido, não estou aqui em nome do PVV. Quero ser o primeiro-ministro de todos os holandeses”, disse Schoof, que não tem qualquer experiência anterior no Parlamento ou no governo, aos jornalistas.

O vencedor das eleições, Wilders, chegou este mês a um acordo sobre a formação do governo com três outros partidos conservadores, depois de se ter excluído do cargo principal. Schoof, 67 anos, é actualmente o mais alto funcionário do Ministério da Justiça holandês, depois de ter dirigido durante anos a agência de informações AIVD e a agência antiterrorismo NCTV. Foi director do serviço de imigração holandês no início dos anos 2000.

“Acho que será uma surpresa para muita gente o facto de eu estar aqui... Na verdade, também é uma surpresa para mim”, disse aos jornalistas. No seu plano de governo, publicado a 16 de Maio, a coligação afirma que pretende instaurar o “regime de asilo mais rigoroso de sempre”, com controlos fronteiriços mais fortes e regras mais severas para os requerentes de asilo, preparando um potencial confronto com a UE antes mesmo de tomar posse.

Schoof chefiará um executivo que, segundo os quatro partidos, terá laços mais estreitos com o Parlamento. A constituição do Governo poderá demorar semanas, com os partidos a negociarem as pastas e as responsabilidades. Depois de ter formado um governo, que deverá ser o mais à direita dos Países Baixos em décadas, será empossado pelo rei e tornar-se-á oficialmente primeiro-ministro.

“Parabéns, Dick. Dick Schoof tem um grande historial, não é membro de nenhum partido e, portanto, está acima dos partidos, é honesto e, além disso, muito amigável”, declarou Wilders nas redes sociais X.

O governo terá, no entanto, de respeitar o acordo alcançado pelos quatro partidos, que visa garantir excepções em matéria de asilo e de regras ambientais da UE. “Penso que, em todos os meus cargos, o fio condutor foi sempre o funcionamento do Estado de direito democrático e isso vai ajudar-me na minha função de primeiro-ministro”, afirmou Schoof, acrescentando que o primeiro-ministro cessante, Mark Rutte, é para ele “uma forma de inspiração no modo como lida com as coisas”.

O líder da extrema-direita, Wilders, disse na semana passada que esperava que o novo governo estivesse operacional no final de Junho.