Descoberta trufa de Verão pela primeira vez em Portugal

A Universidade de Évora e o chef Tanka Sapkota confirmaram descoberta. Portugal tem já “trufas melhores do que Itália”, defende o chef da pizzaria Forno d’Oro e dos italianos Come Prima e Il Mercato.

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A Universidade de Évora e o chef Tanka Sapkota trabalham há dois anos na busca da trufa em Portugal Jorge Simão
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Em busca da trufa negra de Verão Jorge Simão
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O chef Tanka Sapkota encontrou o seu tesouro Jorge Simão
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A descoberta da trufa negra de verão em Portugal Jorge Simão
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A Universidade de Évora e o chef de cozinha Tanka Sapkota, recentemente distinguido uma vez mais por ter a melhor pizzaria de Portugal, Il Forno d'Oro, anunciaram esta terça-feira a descoberta, pela primeira vez em Portugal, de trufa de Verão, uma iguaria gastronómica resultante da reprodução de fungos que tem também propriedades medicinais.

"É a primeira descoberta de trufa de Verão em Portugal, é uma descoberta fantástica, porque sabemos, pela primeira vez, que é possível cultivá-la no nosso país", explicou a investigadora da Universidade de Évora Celeste Santos e Silva.

A Universidade de Évora e o chef Tanka Sapkota, que também tem os restaurantes italianos Come Prima e Il Mercato, além da Casa Nepalesa,​ trabalham em parceria desde há dois anos na procura de trufa em Portugal.

"Várias pessoas mandaram-nos várias amostras, mas nenhuma era de trufa" até ao dia 26 de Abril, quando receberam mais uma amostra oriunda dos concelhos de Alenquer e Sobral de Monte Agraço, no distrito de Lisboa, e os investigadores provaram o que há muito ambicionavam encontrar.

Segundo a bióloga, esta espécie de trufa era conhecida em França e Itália e cultivada em Espanha, mas "não havia quaisquer registos da sua existência" em Portugal.

Uma vez que esta espécie de trufa era até agora importada e um quilograma chega a custar 100 euros, a investigadora esclareceu que a descoberta "abre várias possibilidades de mercado a nível mundial tanto do ponto de vista do cultivo, como da sua comercialização".

"Trabalho há 20 anos nesta área da macromicologia e tenho vários proprietários interessados em cultivá-la em complemento a outras culturas, uma vez que a sua produção pode demorar entre 13 e 15 anos", afirmou Celeste Santos e Silva.

"Só hoje apanhámos um quilograma [na visita de campo para a comunicação social] e temos um senhor que apanhou seis quilogramas numa manhã por haver vários locais e haver em boa quantidade, logo o potencial é grande", disse o chef Tanka Sapkota.

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Há dois anos que chef e universidade procuram certificar a existência das trufas Jorge Simão
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Esta espécie de trufa aparece sobretudo em terrenos calcários e argilosos e onde existam condições de pluviosidade e sombreamento de outro tipo de vegetação.

Além de ser uma iguaria usada na gastronomia, tem também propriedades medicinais por ser anti-inflamatória, promover o bem-estar do organismo e estimular o sistema imunitário.

Tanka Sapkota conheceu a trufa em 1992 em restaurantes em Itália e, em 2007, começou a utilizar a iguaria nos pratos que confecciona nos seus restaurantes em Lisboa, com o objectivo de "democratizar a trufa" que tem vindo a importar.

Nos seus três restaurantes da capital, consome uma média de sete quilogramas por semana. Por isso, há dois anos lançou o desafio às universidades para descobrirem trufa em território nacional. Com esta descoberta, o chef de cozinha não tem dúvidas de que Portugal passou a ter "trufas melhores do que Itália".

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Trufa negra de Verão, estrela no Come Prima

O chef Sapkota vai apresentar e "esta iguaria criada em solo nacional" num menu especial de edição limitada no restaurante Come Prima, em Lisboa. A "descoberta atestada por investigadores da Universidade de Évora, do Instituto Superior de Agronomia e Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária. "Até ao momento, encontrámos cerca de 15 quilos de trufa negra na zona de Alenquer e proximidades", diz o cozinheiro. "Foi uma descoberta surpreendente que nos deixou bastante entusiasmados e convictos de que haverá muito mais quantidade em solo português".

"Esta descoberta é importante para Portugal. Habituámo-nos a que a trufa viesse de fora e, portanto, poderá ter uma grande relevância a nível económico para o nosso país", sublinha Sapkota.

Para já, poderá ser apreciada por alguns: entre 29 de Maio e 11 de Junho, alguns dos pratos emblemáticos do Come Prima serão servidos com a "trufa negra de Verão nacional". "Os pratos vão estar apenas disponíveis ao jantar, com reserva obrigatória" (Come Prima, R. do Olival 258, 1200 - 744 Lisboa, www.comeprima.pt, Horário para o Menu de Trufa Negra Portuguesa : 18h/22h30, encerra domingos).

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