Macron defende “novo conceito de segurança” europeu perante ameaça da Rússia

Num discurso em Dresden, o Presidente francês alertou ainda para o perigo da extrema-direita, um vento maléfico está a soprar na Europa”.

Foto
Macron discursou perante uma plateia de jovens, na cidade alemã de Dresden FILIP SINGER / EPA
Ouça este artigo
00:00
02:57

Exclusivo Gostaria de Ouvir? Assine já

O Presidente francês, Emmanuel Macron, defendeu esta segunda-feira um “novo conceito de segurança comum”, europeu, para fazer face à ameaça da Rússia "hoje e amanhã", e ainda à definição no plano comercial de "uma preferência europeia".

"Vivemos juntos num só continente. A Rússia ameaça a nossa segurança também hoje. A Rússia atacou a Ucrânia e pode estar aqui amanhã e depois de amanhã", afirmou Macron, num discurso perante uma plateia de jovens, na cidade alemã de Dresden.

Macron defendeu um “novo conceito de segurança comum”, uma base na qual serão decididas capacidades, meios, projectos necessários. “Os projectos tecnológicos que devemos desenvolver enquanto europeus”, disse.

No plano comercial, a Europa deve também "sair da ingenuidade" e "proteger-se melhor", construindo "uma preferência europeia", defendeu, argumentando sobre a necessidade de duplicar o orçamento comunitário.

"A Europa é o último lugar onde estamos abertos ao resto do mundo sem preferência europeia e sem regras", lamentou o chefe de Estado francês, num país avesso a regras proteccionistas.

"O orçamento europeu deve ser duplicado, quer através de estratégias de investimento, quer através de dívida conjunta. Precisamos do dobro do investimento na Europa", defendeu, apelando à criação de um mercado de capitais comum para atrair mais financiamento privado.

À extrema-direita, o líder francês chamou "vento maléfico" que está a "soprar por toda a Europa" e instou os cidadãos a defender a democracia quando faltam menos de duas semanas para as eleições europeias.

"Olhemos à nossa volta para o fascínio pelos regimes autoritários, olhemos à nossa volta para o momento iliberal que estamos a viver", alertou Macron, acrescentando ainda: "a extrema-direita, este vento maléfico, está a soprar na Europa, é uma realidade, por isso vamos acordar".

Apelou ainda à "construção de um novo paradigma de crescimento para as gerações futuras", um modelo "que assuma plenamente o investimento sólido no clima e a descarbonização das economias" europeias.

Antes de discursar perante milhares de jovens, junto à Frauenkirche, um edifício destruído em Fevereiro de 1945 pelos bombardeamentos americano-britânicos e que foi reconstruído após a reunificação alemã em 1990, o Presidente francês almoçou com jovens franco-alemães nos jardins do castelo de Moritzburg, perto da capital da Saxónia.

Trata-se da primeira visita de um chefe de Estado francês à Alemanha de Leste desde François Mitterrand em 1989.

A cidade de Dresden é emblemática do renascimento económico desta parte da antiga Alemanha de Leste, agora conhecida pelo nome lisonjeador de "Silicon Saxony".

Nesta terça-feira, Macron deverá receber o Prémio Internacional da Paz de Westphalia, em Münster (Oeste), pelo seu "compromisso europeu", antes de se encontrar com o chanceler Olaf Scholz em Meseberg, perto de Berlim, para um Conselho de Ministros franco-alemão.

Os dois políticos tentarão, uma vez mais, ultrapassar as suas divergências sobre o apoio à Ucrânia e o futuro da Europa e reforçar a parceria franco-alemã, que continua a ser a força motriz da União Europeia.