Madeira: Albuquerque alerta para “ingovernabilidade”. Cafôfo pede que não haja “medo”

A afluência às urnas na Madeira, entre as 8h e as 12h, foi de 20,22% segundo a secretaria-geral do Ministério da Administração Interna. A votação decorre até às 19h.

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Os cabeças de lista do PSD e do PS votaram na Escola da Ajuda, no Funchal HOMEM DE GOUVEIA / LUSA
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Os candidatos às eleições regionais da Madeira já começaram a votar e a apelar aos eleitores que se desloquem às urnas, num acto eleitoral que, até às 12h, registou uma participação de 20,22%. Os líderes regionais do PSD e do PS votaram no mesmo local, na Escola da Ajuda, no Funchal. Paulo Cafôfo pediu que as pessoas não tenham "medo", ao passo que Miguel Albuquerque alertou para o problema da "ingovernabilidade".

O primeiro a votar foi Paulo Cafôfo. Em declarações aos jornalistas, começou por dizer que espera que "estas eleições, que se realizam numas circunstâncias muito especiais, possam realizar-se dentro da normalidade". E, lembrando que este ano se assinala o cinquentenário do 25 de Abril, defendeu que "as pessoas não têm que ter medo do acto de votar, em quem votam".

"Espero que possam votar em consciência, marcando os 50 anos do 25 de Abril, que possibilitou a autonomia" da região, declarou, assinalando que estas são, "na história da autonomia, as eleições mais importantes" da Madeira, "pelo contexto em que se realizam e pelos desafios que temos pela frente".

Cafôfo mostrou-se ainda "confiante de que o dia de hoje será bonito" e disse esperar que "a abstenção desça": "Não podemos dar por adquirido o que aconteceu há 50 anos atrás e o voto é a melhor forma de o fazer", afirmou.

Questionado sobre se os eleitores estão cansados de ir às urnas e se tem conhecimento de irregularidades no acto eleitoral, apontou que "ninguém pode estar cansado da democracia" e que está "tudo a decorrer dentro da normalidade".

Uma hora depois foi a vez de Miguel Albuquerque que assumiu que há um "cansaço" nos eleitores, por estarem a ir às urnas pela terceira vez, desde Setembro, o que "desgasta as instituições". Mas o social-democrata considerou que, apesar disso, a participação tem sido "boa", o que mostra "um sentido de responsabilidade relativamente à necessidade de [haver] governo na região e a sua governabilidade".

E rejeitou ser responsável por esse cansaço, colocando o ónus no Presidente da República. "Quem é responsável não sou eu. É quem anda sempre a marcar eleições", disse, reiterando que "não era necessário eleições".

O líder do PSD-Madeira assumiu temer que a região "fique, à semelhança do que acontece no país, sujeita a contingências da ingovernabilidade", algo que, alertou, teria consequências na economia. E considerou que "cada partido tem de assumir as suas responsabilidades", sem adiantar com quem espera fazer acordo, caso vença as eleições: "Temos de fazer uma leitura da vontade popular depois das eleições", disse apenas, garantindo que não tem mantido contactos com outras forças políticas.

Questionado pelos jornalistas sobre se admite deixar a liderança do PSD para facilitar acordos políticos, afastou a ideia, assinalando que "o PSD é um partido democrático, não é uma monarquia" e que o seu líder "está sujeito a um escrutínio" interno.

Albuquerque sinalizou ainda que a afluência às urnas está a ser "menor do que nas últimas eleições", mas que "a abstenção na Madeira não é muito elevada", porque há "uma grande comunidade residente no estrangeiro". De acordo com os dados da secretaria-geral do Ministério da Administração Interna, a afluência às urnas, entre as 8h e as 12h, foi 20,22%.

Candidatos tentam combater abstenção

Pelo JPP, o cabeça de lista Élvio Sousa, lembrou que o direito ao voto "custou muito a conquistar", defendendo que "nunca devemos delegar nos outros a nossa responsabilidade e a nossa consciência". O candidato admitiu que as pessoas poderão estar "cansadas" das várias eleições num curto espaço de tempo, mas acredita que "a abstenção não vai ser uma referência" neste sufrágio.

Do lado do Chega, Miguel Castro apelou à participação dos madeirenses, defendendo que "é através do voto que as pessoas escolherão realmente o futuro político da Madeira". E disse esperar que, "desta vez, saia daqui uma equação que dê realmente um governo estável à Madeira".

O cabeça de lista da CDU, Edgar Silva, por sua vez, mostrou-se "confiante" naquela que considera ser uma "importante etapa nesta região para que possamos ter mais e melhor democracia", reiterando estar expectante que as eleições tragam "melhores condições" para a região.

Pela IL, Nuno Morna, considerou que a abstenção deve preocupar toda a gente, realçando que estas eleições são "muito especiais e muito particulares, no sentido em que podem proporcionar mudanças significativas no espectro político regional". Mas disse acreditar que "a abstenção irá baixar".

Mónica Freitas, do PAN, apelou ao voto, argumentando que "é responsabilidade de todos" o resultado das eleições e que "é importante que todos" se sintam "envolvidos nas decisões políticas". A também porta-voz do PAN-Madeira considerou ainda que, "desta vez, as pessoas estão mais alertas e conscientes para a importância do seu voto".

Também Roberto Almada, do Bloco de Esquerda, pediu que os madeirenses "acorram às urnas" e "não deixem" a abstenção "vencer este acto eleitoral que é importantíssimo para o futuro da Madeira". Quanto aos resultados em si, salientou estar "muito confiante" e a "aguardar serenamente pela decisão".