Uma história de finais intermináveis

Quando Sporting e FC Porto se encontram para decidir uma taça, quase nunca é um jogo que dure apenas 90 minutos.

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Têm sido várias as finais disputadas entre FC Porto e Sporting DR
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Há mais de um século que Sporting e FC Porto se encontram em finais para decidir taças. Desde a final do Campeonato de Portugal em 1922 até à final da Taça de Portugal deste domingo, serão 15 os troféus decididos entre os “velhos” rivais. Não sabemos ainda o que irá acontecer neste confronto no Jamor que marca o final de mais uma época para o futebol português, mas sabemos que há uma clara tendência nestes jogos entre “leões” e “dragões” que decidem títulos: nunca duram apenas 90 minutos.

Primeiro os números. Entre o extinto Campeonato de Portugal (3), a Taça de Portugal (5), a Supertaça Cândido de Oliveira (4) e a Taça da Liga (2), Sporting e FC Porto já se encontraram em 14 finais. Destas 14 finais, apenas cinco (duas do Campeonato de Portugal, duas Supertaças e uma Taça da Liga) foram “normais”. Todas as outras nove tiveram sempre alguma coisa extra, seja jogo extra, tempo extra e/ou penáltis. Já agora, o balanço de finais entre os dois é um empate: sete finais para o FC Porto, sete para o Sporting.

A primeira de todas foi no Campeonato de Portugal, há 102 anos, que só se decidiu numa finalíssima. Houve uma vitória para cada lado nos dois primeiros jogos (2-1 para o FC Porto, no Porto, e 2-0 para o Sporting, em Lisboa), e, no jogo de desempate, o troféu foi para os portistas, com um triunfo por 3-1. Nas duas outras finais, entre os dois, que foram apenas a uma mão, não foi preciso tempo extra: ambas deram triunfos portistas, 2-1 em 1925 e 3-2 em 1937.

Seguimos para a Taça de Portugal, onde a história foi mais rica e o tempo extra abundante. Defrontaram-se cinco vezes na final e nenhum desses jogos se decidiu em 90 minutos. A primeira vez em que se encontraram, em 1977/78, foi também a primeira finalíssima de toda a história da competição. Houve empate (1-1) após prolongamento no primeiro jogo no Jamor e, uma semana depois, o Sporting saiu vencedor (2-1), com golos de Vítor Gomes e Manuel Fernandes – Seninho marcou pelos portistas, que tinham sido campeões nacionais com Pedroto a treinador e Pinto da Costa como responsável pelo futebol.

Dezasseis anos depois, em 1994, novo embate na final entre Sporting e FC Porto e nova finalíssima. Houve 0-0 no primeiro jogo e 2-1 para os portistas no segundo, mas, claro, após prolongamento. Na final do 50.º aniversário do Estádio Nacional, Rui Jorge marcou primeiro para os portistas aos 35’, Vujacic empatou aos 55’ (dois golos de pé esquerdo em belos remates de longa distância), Aloísio desfez o empate no primeiro minuto do tempo extra na conversão de um penálti e o Sporting acabou a jogar com nove, após as expulsões de Peixe e Pacheco. Depois, também demorou a entrega da taça – choveram pedras e garrafas e os jogadores do FC Porto demoraram a subir até à tribuna, sendo que nem todos foram, mas João Pinto, o capitão, subiu os degraus todos para erguer o troféu.

Avancemos mais seis anos e mais uma final a dois tempos. Em 2000, ano em que o Sporting quebrou o seu jejum de 18 anos sem ser campeão, os portistas voltaram a ficar com o troféu. Depois de um empate no primeiro jogo (1-1, golos de Jardel e Pedro Barbosa), a equipa orientada por Fernando Santos venceu a finalíssima por 2-0, golos de Clayton e Deco.

Quando Sporting e FC Porto se voltaram a defrontar no Jamor, já não havia finalíssima, mas isso não impediu que houvesse tempo extra. Em 2008, depois de 0-0 em 90 minutos, emergiu um herói improvável nos “leões”, o brasileiro Rodrigo Tiuí, que marcou dois golos no prolongamento, um deles uma espécie de pontapé de bicicleta que enganou o guarda-redes Nuno Espírito Santo, para o triunfo por 2-0. O confronto seguinte em finais só acontece 11 anos depois, com o Sporting de Marcel Keizer a bater o FC Porto de Sérgio Conceição nos penáltis, após 2-2 em 120 minutos.

Nessa mesma época, 2018/19, já os “leões” tinham batido os “dragões” nos penáltis na final da Taça da Liga, após 1-1 em 90 minutos. Na outra final desta competição entre os dois rivais, aconteceu um jogo “normal” que não teve nenhum extra, na final de 2023, já entre Conceição e Rúben Amorim, favorável aos portistas por 2-0, golos de Eustáquio e Marcano.

Ainda vale a pena referir as quatro vezes em que Sporting e FC Porto se defrontaram na Supertaça Cândido de Oliveira (e já é garantido que se irão defrontar por uma quinta vez no início da próxima época). Enquanto foi disputada a duas mãos, encontraram-se duas vezes (1994/95 e 1990/2000) e houve finalíssima em ambas – dupla vitória do Sporting. E o Sporting também ganhou das duas vezes em que se encontraram em jogo único (2006/07 e 2007/08).

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