Novo CEO do SNS tem uma “tarefa difícil” em mãos

Fnam alerta para falta de recursos humanos no SNS. Bastonário dos médicos enaltece características “humanistas” do novo director executivo do SNS.

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Fnam diz que sem médicos será difícil liderar a Direcção Executiva do Serviço Nacional de Saúde Paulo Pimenta (arquivo)
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“É um homem de liderança e defensor do Serviço Nacional de Saúde (SNS), em todas as suas vertentes.” Esta é a opinião do bastonário da Ordem dos Médicos, Carlos Cortes, sobre o novo director executivo do SNS, António Gandra d'Almeida, uma decisão que considera muito positiva” por parte do Governo. Já a presidente da Federação Nacional dos Médicos (Fnam) sublinha ao PÚBLICO que, “independentemente de quem fosse a pessoa a assumir o cargo, vai ter sempre uma tarefa extremamente difícil tendo em conta o estado do SNS​”.

Sem médicos será difícil liderar a Direcção Executiva do Serviço Nacional de Saúde (DE-SNS), segundo a visão de Joana Bordalo e Sá. A dirigente sindical refere que o novo director executivo do SNS não terá uma tarefa facilitada no novo cargo face à falta de recursos humanos. Apesar disso, falta ainda saber quais serão as competências atribuídas à nova equipa que vai integrar a DE-SNS.

A nomeação do tenente-coronel médico como director executivo do SNS foi comunicada na manhã desta quarta-feira pelo Ministério da Saúde, no mesmo dia em que Fernando Araújo, que se demitiu do cargo há um mês, foi ouvido na comissão parlamentar de Saúde, a requerimento do PS, para explicar as razões que o levaram a pedir a demissão.

Perante a decisão do Governo, o bastonário da Ordem dos Médicos sublinha, em declarações ao PÚBLICO, a capacidade de liderança de António Gandra d'Almeida, um homem que sabe construir equipas e sabe ouvir e incluir as pessoas nas decisões”. “A Direcção Executiva precisa de uma liderança forte e aberta, que saiba trabalhar em equipa”, defende Carlos Cortes, que nota ainda a grande dedicação” de Gandra d'Almeida à causa do SNS.

Perante o cenário actual no serviço público de saúde, de falta de profissionais de saúde, especificamente médicos, Joana Bordalo e Sá refere que, para a Fnam, o sucessor de Fernando Araújo terá uma tarefa extremamente difícil. E enuncia as várias razões para tal: Temos 17% da população sem médicos de família, 1,7 milhões de pessoas. Sabemos que as urgências estão como estão. Estamos em Maio e temos buracos nas escalas, sobretudo na área da saúde materno-infantil, principalmente na região de Lisboa e Vale do Tejo, mas também no Centro. Vem aí o Verão, depois ainda temos o Inverno e sabemos que a falta de médicos não ajuda nesta tarefa” de gestão do SNS.

Da parte de António Gandra d'Almeida, a federação espera o melhor trabalho possível, que seja rigoroso, que haja transparência e que as coisas melhorem.

Por seu turno, Carlos Cortes não deixa de notar a vertente humanista do médico: “Esteve em várias missões no estrangeiro, em condições adversas, a salvar vidas, a tratar pessoas. É preciso ter aspectos de humanização que o SNS está a perder e o doutor António Gandra d'Almeida tem muito essa sensibilidade.

São características que o bastonário dos médicos acredita serem essenciais para contornar as enormes dificuldades que o novo director executivo do SNS vai ter pela frente. A primeira e mais imediata é a capacidade de dar uma resposta adequada ao plano estratégico de Verão do SNS, que sabemos que, lamentavelmente e por negligência, não foi tratado e devia ter começado a ser elaborado a partir do Verão do ano passado. Ele vai ter essa tarefa, juntamente com o Ministério da Saúde, de em menos de um mês ter pronto um plano de Verão”, diz ainda, ao mesmo tempo que adianta que a Ordem dos Médicos remeteu à tutela, na terça-feira, um conjunto de orientações para ajudar à elaboração desse documento.

Também o bastonário da Ordem dos Enfermeiros, Luís Filipe Barreira, se pronunciou sobre a nomeação de António Gandra d'Almeida. Ao PÚBLICO, o bastonário refere que o tenente-coronel médico poderá ter o currículo necessário para o que se pretende”. “É alguém que trabalhou no terreno, na emergência médica, está habituado à organização. Mas, independentemente da pessoa, o importante é que consiga operacionalizar uma estratégia de saúde para fazer as reformas necessárias, garantindo mais acesso a cuidados de saúde e em tempo útil”. Luís Filipe Barreira recorda ainda a necessidade de reforçar o SNS com recursos humanos, nomeadamente, através da contratação e fixação de enfermeiros.

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