Há um gel que pode ser “antídoto para o álcool” e curar ressacas

O gel impede que o álcool chegue à corrente sanguínea e poderá ter usos terapêuticos para doentes com doenças relacionadas com o consumo.

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Os jovens estão a consumir mais bebidas alcoólicas e, pela primeira vez, é entre as raparigas que a prevalência é superior Nelson Garrido
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A intoxicação por álcool tem efeitos a longo prazo, para além dos imediatos. Investigadores do Instituto Federal de Tecnologia de Zurique (Suíça) desenvolveram um gel que não só baixa os níveis de álcool no sangue, como tem propriedades que protegem o fígado e o intestino de danos futuros.

O estudo, publicado na revista científica Nature Nanotechnology, refere ainda que o gel poderá ter usos terapêuticos para doentes com doenças relacionadas com o consumo de álcool. “As terapias existentes, que se baseiam principalmente em enzimas endógenas oferecem apenas um alívio temporário dos sintomas, como as náuseas e as dores de cabeça, mas não conseguem resolver outros problemas subjacentes, como a sonolência, a exaustão e o alcoolismo crónico”, escreveram os investigadores.

Durante o processo natural de decomposição do álcool no organismo, o corpo produz acetaldeído. Agora este gel, composto por proteínas de soro de leite, impede a produção daquele composto, evitando níveis elevados de álcool na corrente sanguínea — não se chega a ficar bêbedo. Os testes feitos em ratinhos foram bem sucedidos: no caso de terem sofrido intoxicação por álcool, os níveis de álcool no sangue diminuíram 55,8% em 300 minutos e a produção de acetaldeído foi bloqueada. “O nosso estudo traz perspectivas promissoras para o desenvolvimento de antídotos para o álcool, com potenciais benefícios para a protecção do fígado e para a saúde intestinal, lê-se no artigo científico.

O relatório anual do Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências (Sicad) relativo a 2022 concluiu que, em dez anos, a dependência alcoólica em Portugal quase quadruplicou. Nesse ano, mais de 13.800 utentes estiveram em tratamento na rede pública por problemas relacionados com o uso de álcool. Outro relatório do mesmo ano mostra que os jovens estão a consumir mais bebidas alcoólicas e, pela primeira vez, é entre as raparigas que a prevalência é superior.

O consumo de álcool está associado a várias doenças graves, incluindo patologias hepáticas, gastrointestinais e cancro. Segundo a Organização Mundial da Saúde, só em 2016 o consumo abusivo causou quase três milhões de mortes em todo o mundo.

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