Estudantes de Yale fazem protesto pró-Palestina na cerimónia de formatura

Cerca de 150 finalistas abandonaram na segunda-feira, dia 20, a cerimónia de entrega de diplomas com cartazes a pedir a libertação da Palestina. Luvas vermelhas simbolizam o sangue dos palestinianos.

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Os estudantes usaram luvas vermelhas para simbolizar mãos ensanguentadas Michelle McLoughlin/Reuters
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"Retirem as acusações", "Livros e não bombas", escreveram nos cartazes Michelle McLoughlin/Reuters
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Os manifestantes saíram da cerimónia quando esta começou Michelle McLoughlin/Reuters
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Cerca de 150 alunos participaram neste protesto Michelle McLoughlin/Reuters
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Dezenas de estudantes finalistas da Universidade de Yale, nos Estados Unidos, abandonaram na segunda-feira, dia 20 de Maio, a cerimónia de entrega de diplomas em protesto contra a guerra de Israel em Gaza, as parcerias financeiras da faculdade com fabricantes de armas e a resposta desta instituição às manifestações pró-Palestina no campus.

A manifestação começou quando o presidente da universidade, Peter Salovey, iniciou a tradicional apresentação dos finalistas de cada faculdade no Old Campus de Yale, que estava repleto de milhares de licenciados, que se distinguiam pelos chapéus de finalistas e batinas. Pelo menos 150 estudantes que estavam sentados nas primeiras filas levantaram-se em conjunto, viraram as costas ao palco e abandonaram a cerimónia pela Porta Phelps.

Muitos dos manifestantes traziam também pequenas faixas onde se liam frases como "Livros e não bombas" e "Desinvestir na guerra". Alguns usavam luvas de látex vermelhas para retratar mãos ensanguentadas.

"Retirem as acusações" e "Protejam a liberdade de expressão", escreveram noutros cartazes. As frases são uma referência às 45 pessoas detidas numa acção policial que aconteceu no mês passado em manifestações no campus da universidade de New Haven, no Connecticut, e nas imediações desta instituição.

O protesto foi acompanhado por aplausos dos colegas que continuavam na plateia, mas decorreu de forma pacífica e sem perturbações. No palco, ninguém reagiu.

Yale é uma das dezenas de universidades norte-americanas dominadas pelos protestos contra a crescente crise humanitária na Palestina resultante da ofensiva de Israel em Gaza.

Foi também devido à onda de manifestações em defesa da Palestina que a Universidade do Sul da Califórnia optou por cancelar a cerimónia principal de formatura. Na semana passada, dezenas de estudantes da Universidade de Duke, na Carolina do Norte, abandonaram a entrega dos diplomas num protesto contra o orador convidado, o comediante Jerry Seinfeld, que apoiou a guerra de Israel.

Funcionários e investigadores académicos em greve

As consequências de um violento ataque perpetrado há semanas contra os manifestantes pró-Palestina acampados na Universidade da Califórnia, em Los Angeles, repercutiram-se na segunda-feira no campus de Santa Cruz, quando os funcionários académicos fizeram uma greve de protesto organizada pelo sindicato.

Nesse mesmo dia, a Faculdade de Artes e Ciências do Dartmouth College, uma universidade da Ivy League em New Hampshire, decidiu, ainda que por escassa margem, censurar a directora Sian Beilock, que decidiu chamar a polícia para desmantelar um acampamento pró-Palestina no dia 1 de Maio. Segundo um porta-voz da universidade, voto de censura não põe em causa o cargo de Sian Beilock.

A intervenção policial resultou na detenção de 89 pessoas e alguns feridos.

Grande parte do activismo estudantil tem prejudicado os laços financeiros das instituições académicas com Israel, bem como os programas militares dos EUA que beneficiam este estado.

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Estudante de Yale com bandeira da Palestina no chapéu de finalista Michelle McLoughlin/Reuters
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Estudantes mostram lenços Keffiyeh, simbolo da luta palestiniana Michelle McLoughlin/Reuters

Por outro lado, os protestos em solidariedade com os palestinianos têm sido rotulados pelos apoiantes pró-Israel como anti-semitas, pondo à prova os limites entre a liberdade de expressão e o discurso de ódio. A par do Dartmouth College, foram várias as faculdades que chamaram a polícia para reprimir as manifestações.

Na segunda-feira, em Santa Cruz, centenas de investigadores sindicalizados, professores auxiliares e bolseiros de doutoramento entraram em greve para protestar contra o que disseram ser práticas laborais injustas da faculdade, tendo em conta a forma como lidou com as manifestações pró-Palestina.

Os grevistas são membros da United Auto Workers (UAW) Local 4811, entidade que representa cerca de 2 mil estudantes de pós-graduação e outros trabalhadores académicos nesta universidade, assim como cerca de 48 mil nos dez campi da Universidade da Califórnia e no Laboratório Nacional Lawrence Berkeley.

Na semana passada, a UAW 4811 votou para autorizar os líderes sindicais a organizar uma série de greves até ao final de Junho em campus individuais ou nos campi das várias faculdades que integram a Universidade da Califórnia.

A greve de Santa Cruz marcou o primeiro protesto apoiado pelo sindicato em solidariedade com a recente vaga de lutas activistas estudantis pró-Palestina, cujo número, esclarece a UAW, inclui estudantes licenciados detidos em vários campi da Universidade da Califórnia.

Os dirigentes sindicais afirmaram que um dos principais motivos da greve foi a detenção de 210 pessoas durante um acampamento pró-Palestina na UCLA, em Los Angeles, desmobilizado pela polícia no dia 2 de Maio.

Na noite anterior, um grupo de apoiantes pró-Israel invadiu o acampamento e atacou fisicamente os manifestantes que o ocupavam. Os desacatos prolongaram-se pelo menos durante três horas, tempo que a polícia demorou a intervir e acabar com os distúrbios. Entretanto, a universidade abriu um inquérito sobre o incidente.

Os grevistas exigem ainda amnistia para os universitários que foram detidos ou que enfrentam problemas disciplinares por terem participado nos protestos.

A Universidade de Santa Cruz emitiu um comunicado a informar que os manifestantes bloquearam temporariamente as entradas do campus, situação que levou a faculdade a adoptar o ensino à distância nesse dia.

A universidade apresentou também a uma queixa por práticas laborais injustas ao Conselho de Relações dos Funcionários Públicos (espécie de agência judicial responsável por negociar com os trabalhadores estatais), solicitando que a mesma ordenasse o fim da greve.