Museu Britânico já recuperou quase metade das peças roubadas

Com o anúncio, esta sexta-feira, de que foram encontrados mais 268 artefactos, o número de objectos já localizados é agora de 626, num total de cerca de 1500 que terão sido roubados ao longo dos anos.

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Número de objectos já localizados do roubo que ensombrou o Museu Britânico é agora de 626 peças. Terão sido roubadas 1500 ao longo dos anos TOLGA AKMEN/EPA
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O Museu Britânico anunciou esta sexta-feira ter localizado mais 268 artefactos que tinham sido roubados ou estavam desaparecidos, aumentando para 626 o número de peças que já foram recuperadas, e que têm sido encontradas na Europa, mas também nos Estados Unidos e noutros países.

No Verão do ano passado, o museu reconheceu que cerca de 1500 objectos – quase todos de pequena dimensão, incluindo jóias gravadas da antiguidade grega e romana –, tinham sido roubados dos seus armazéns, e que mais 500 apareceram danificadas, designadamente peças às quais foram retirados engastes em ouro ou que ostentam marcas do uso de ferramentas.

Com esta nova descoberta, a que se soma mais uma centena de artefactos que já foram identificados e em relação aos quais há pistas prometedoras, o Museu Britânico está perto de recuperar metade das peças que faltam, e que, suspeitam as autoridades, terão sido roubadas ao longo dos anos por um curador com décadas de casa, Peter Higgs, entretanto despedido sem que o museu tivesse então relacionado oficialmente a sua saída com a suspeita de que possa estar envolvido no desaparecimento das peças.

“É um resultado notável”, congratulou-se o presidente da administração do museu, George Osborne. “Poucos esperavam que fosse possível, e até eu tive as minhas dúvidas”, confessou o administrador, assegurando que o museu irá prosseguir com as buscas pelos restantes objectos.

“Quando anunciámos a devastadora notícia de que tinham sido roubadas peças da nossa colecção, as pessoas compreensivelmente assumiram que não voltaríamos a ver mais do que um punhado delas, já que é geralmente o que acontece em roubos deste tipo”, acrescentou ainda Osborne.

Decerto para proteger as investigações, muito pouco tem sido adiantado quanto às peças que faltará recuperar ou acerca da metodologia que tem sido empregada nas buscas. Osborne diz apenas que o sucesso da operação se tem ficado a dever a “um astuto trabalho de detecção” e ao auxílio de uma rede de benfeitores e pessoas de boa vontade.

O Museu Britânico processou entretanto Peter Higgs (homónimo do cientista e prémio Nobel que previu a existência do bosão de Higgs), acusando-o de ter roubado ou estragado mais de 1800 artefactos e de ter vendido centenas deles no site de leilões e comércio electrónico eBay.

No final de Março, a juíza encarregada do caso, Heather Williams, deu a Higgs quatro semanas para devolver quaisquer peças que ainda estejam na sua posse e já ordenou à plataforma PayPal, dedicada a pagamentos online, para fornecer todos os dados relacionados com as contas do antigo curador.

O museu conserva cerca de oito milhões de objectos, e nem todos estão devidamente inventariados e descritos, tornando mais fácil que sejam roubados sem ninguém dar por isso. Mas o museu acusa também Higgs de ter tentado encobrir o seu rasto manipulando perto de uma centena de fichas do catálogo.

Um detective privado especializado em roubos de arte que tem colaborado com a polícia londrina nesta investigação, Arthur Brand, disse à BBC que no Museu Britânico, “como acontece em muitos outros museus no mundo, uma parte da colecção não está catalogada, e muitos registos não incluem fotografais”.

Para Brand, a solução é não apenas inventariar tudo – “confiar é bom, controlar é melhor”, argumenta –, mas criar uma segunda base de dados à qual os funcionários não tenham acesso, o que permite verificar se os registos originais foram alterados.

Na sequência do escândalo provocado pelos roubos, que levou à saída do anterior director, Hartwig Fischer – substituído no final de Março por Nicholas Cullinan –, o museu anunciou que iria gastar 10 milhões de libras (cerca de 11,7 milhões de euros) na inventariação e documentação de toda a sua colecção, que espera conseguir disponibilizar na Internet num prazo de cinco anos.

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