Choix Goncourt Portugal premeia romance Velar por ela de Jean-Baptiste Andrea
Um júri constituído por oito estudantes universitários portugueses, presidido pela escritora francesa Camille Laurens, atribuiu o prémio ao romance que recebideu o Prémio Goncourt no ano passado.
O romance Velar por ela, de Jean-Baptiste Andrea, que no ano passado conquistou o Prémio Goncourt, é o vencedor do Choix Goncourt du Portugal 2024, anunciou na quinta-feira o Institut Français, em Lisboa.
A escolha foi feita por um júri constituído por oito estudantes de oito universidades portuguesas, presidido pela escritora francesa Camille Laurens, numa deliberação que demorou "duas horas" e decorreu esta tarde na Embaixada de França, em Lisboa.
Veiller sur elle, no título original, é descrito como um longo fresco sobre escultura e Itália, e propõe uma viagem àquele país, no início do século XX, através de duas personagens cujos destinos se cruzam para sempre: Mimo, um escultor pobre e talentoso, e Viola, a ambiciosa filha de um marquês rico.
A história de Mimo, Michelangelo Vitaliani, é contada a partir do final da sua vida, no outono de 1986, no mosteiro de Piemonte, onde é cuidado pelos monges que aí habitam.
Durante 40 anos, Mimo viveu entre eles, para "velar por ela", a sua última obra como escultor, "uma estátua que perturba quem a vê, mas cuja história e origem permanecem em segredo", como descreve a apresentação do romance a publicar este mês em Portugal, pela Porto Editora.
No leito de morte, Mimo revisita o passado, desde os tempos de aprendiz de um escultor alcoólico e violento, no planalto de Pietra d'Alba, reduto da família Orsini. Viola domina então o pensamento deste escultor "de mãos de génio e mente livre".
Os estudantes que escolheram Velar por ela "destacaram a qualidade da escrita deste romance forte e ético", segundo o comunicado divulgado pelo Institut Français. "Escrito como um poema é um apelo à liberdade, à democracia e à emancipação feminina".
Para o júri do prémio, este romance, "que parece um filme e se lê como um filme", convida a questionar a vida, "a temporalidade e o poder da literatura para interromper o curso do mundo", ao mesmo tempo que faz "uma reflexão profunda sobre a arte, uma homenagem à vida e à resistência perante as ameaças do autoritarismo."
Os oito estudantes do júri são das universidades de Lisboa, Nova de Lisboa, do Porto, de Coimbra, do Minho, do Algarve, de Aveiro e da Madeira.
Velar por ela concorria ao Choix Goncourt du Portugal 2024 com os outros finalistas do Goncourt 2023, atribuído pela Academia Goncourt, em França: Humus, de Gaspard Koenig, Sarah, Susanne et l"écrivain, de Éric Reinhardt, e Triste Tigre, de Neige Sinno.
Nascido em 1971, Jean-Baptiste Andrea é um romancista, realizador e argumentista francês. Cresceu em Cannes, onde começou a fazer curtas-metragens e, mais tarde, mudou-se para Paris, onde se licenciou em Ciências Políticas e Economia.
O seu primeiro romance, Ma Reine, publicado em 2017, foi distinguido com o prémio de Melhor Romance de Estreia em França.
Segundo o Institut Français du Portugal, Jean-Baptiste Andrea visitará a Feira do Livro de Lisboa, a decorrer de 29 de Maio a 12 de Junho.
No primeiro dia da feira, irá à Mediateca do instituto, às 19h, para apresentar Velar por ela.
O Choix Goncourt du Portugal é uma iniciativa do Institut Français du Portugal, da Embaixada de França em Lisboa, da Agence Universitaire de la Francophonie e da Association Portugaise d"Études Françaises.
O prémio, escolhido por estudantes universitários portugueses, foi atribuído pela primeira vez no ano passado, num júri presidido pelos escritores Tahar Ben Jelloun e Leïla Slimani, tendo distinguido O mago do Kremlin, de Giuliano da Empoli, publicado em Portugal pela Gradiva.