Crianças que usam ecrãs às refeições estão mais propensas à obesidade, revela estudo

O aumento do risco de obesidade pode estar ligado à atenção das crianças ao ecrã enquanto comem e não ao seu nível de saciedade, assim como a falta de atenção dos pais no momento da refeição.

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O estudo envolveu 735 crianças de 10 escolas do 1º ciclo no Norte de Portugal, entre os 6 e 10 anos de idade Daniel Rocha
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As crianças que usam ecrãs durante as refeições estão mais propensas a um aumento de peso significativo, revela estudo da Universidade do Minho. A investigação demonstrou que as crianças que usam regularmente os telemóveis, vêem televisão ou usam outros dispositivos audiovisuais durante as refeições têm mais 15% de probabilidade de obesidade do que os seus pares que não têm este comportamento.

"Há várias justificações possíveis para o aumento do risco de excesso de peso. Por exemplo, quando as crianças estão à frente ao ecrã, estão atentas ao que estão a ver e não estão a pensar no seu nível de saciedade e em quando devem parar de comer. Pode estar ainda relacionado com a falta de presença dos pais na hora da refeição, porque se a criança está distraída com um ecrã é porque aos pais dá jeito que a criança esteja entretida, mas isto também dificulta a regulação da saciedade por parte dos adultos", explica Ana Duarte, investigadora da Escola de Enfermagem da Universidade do Minho envolvida no estudo.

"Da mesma forma, se a criança estiver a comer alimentos mais transformados, vai comer completamente distraída porque, além de ter o ecrã à frente, está a comer algo que ela gosta, então vai acabar por ingerir mais calorias do que se estivesse numa refeição convencional, sentada à mesa com a família”, afirma a investigadora.

No entanto, Ana Duarte aclara que os resultados provêm de uma "análise transversal". "Ainda não aprofundámos as razões por detrás dos resultados e estamos em processo de análise dos dados”, ressalva.

O estudo envolveu 735 crianças de dez escolas do 1.º ciclo no Norte de Portugal, entre os 6 e 10 anos de idade. Os resultados da investigação podem subestimar a realidade, avisa ainda Ana Duarte, porque existe sempre o risco de os pais não terem admitido que permitem o uso de ecrãs no pequeno-almoço, almoço ou jantar.

Outros parâmetros avaliados no estudo revelaram ainda que as crianças que têm menos probabilidade de sofrer de excesso de peso são as que passam mais tempo em família ou cujos pais são fisicamente activos, têm hábitos saudáveis do deitar e da duração do sono ou seguem a dieta mediterrânica. A investigadora destaca a importância da literacia de saúde e das políticas de saúde junto de professores, escolas e pais.

“A literacia em saúde é crucial: se população está ciente da informação correcta e sabe consultá-la e entendê-la, vai poder aplicar o conhecimento que traz benefícios para a sua saúde. Neste caso, se os pais têm um maior nível de literacia, vão saber que mais tempo aos ecrãs pode ser prejudicial para as crianças em muitos sentidos, não só na propensão à obesidade”, frisa Ana Duarte.

A investigação foi apresentada esta semana no Congresso Europeu sobre Obesidade, em Veneza, Itália. O estudo insere-se no projecto científico BeE-school, que visa promover a literacia e os estilos de vida saudáveis em escolas vulneráveis e é financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia.

Texto editado por Natália Faria

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