Ex-gestor da Santa Casa diz que actual mesa abandonou negócios no Brasil e afundou 30 milhões

Francisco Pessoa e Costa disse aos deputados que foi a mesa liderada por Ana Jorge que matou o projecto da internacionalização.

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Em causa está o projeto de internacionalização do jogos sociais Paulo Pimenta
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Francisco Pessoa e Costa, ex-gestor da Santa Casa Global, empresa criada para levar a cabo o processo de internacionalização da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML), disse esta quinta-feira, na comissão parlamentar de Trabalho, Segurança Social e Inclusão que a mesa liderada por Ana Jorge, agora exonerada, quando tomou posse em Maio de 2023, decidiu “abandonar” os negócios todos e com isso “afundou 30 milhões de euros”.

O ex-gestor disse que não questiona o facto de a nova mesa não querer continuar com o projecto por não lhe reconhecer validade, mas não concorda com a forma como o fez.

“Uma coisa é encerrar os negócios, outra coisa é abandonar”, afirmou, sublinhando que a SCML deixou de pagar a renda do escritório da MCE que ficou proibida de entrar e aceder à documentação que a consultora BDO, que fez a auditoria à internacionalização, diz que não recebeu. Além disso, segundo Francisco Pessoa e Costa a SCML também deixou de pagar à empresa de contabilidade que, por sua vez, pagava o sistema de registos ao qual deixou de ser possível aceder, deixou de pagar aos trabalhadores e os advogados enviaram uma carta a dizer que já não podiam continuar a representar a empresa no Brasil por uma questão de imagem.

“Foi esta mesa que matou o projecto de internacionalização”, afirmou, rejeitando, assim, que o projecto de internacionalização tenha resultado num prejuízo de cerca de 50 milhões euros.

Além disso, o ex-gestor garantiu que “houve análises prévias”, com estudos e com o apoio de advogados, às empresas que foram adquiridas e para as que foram criadas.

Francisco Pessoa e Costa também abordou o negócio com o BRB (Banco de Brasília), do qual Ana Jorge acabou por desistir, anunciando que tinha poupado 14 milhões de euros.

“A parceria com o BRB foi uma oportunidade e era um óptimo investimento”, disse, garantido “que todo o processo foi explicado por carta da administração do banco”. Segundo o ex-gestor, iria permitir “a criação de cerca de 15 mil postos de trabalho”.

Tal como disse, na quarta-feira, Ricardo Gonçalves, também ex-gestor da Santa Casa Global, Francisco Pessoa e Costa revelou que houve ofertas para a compra das participadas no Brasil e que a mesa da SCML não respondeu. O mesmo aconteceu com a Ainigma holding, a empresa com sede no Reino Unido.

O ex-gestor também falou da forma como foi destituído do cargo. “No dia 29 de Novembro de 2023 tomei conhecimento da destituição” que “foi feita de forma rude, sobranceira e, no meu caso, ilegal”, disse, sublinhando que, no que diz respeito à alegada ilegalidade, já entrepôs acções em tribunal.

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