Mário Machado não exclui que membros do 1143 possam ter atacado imigrantes

Apesar disso, porta-voz do grupo nacionalista diz ter auscultado membros do 1143 e que não houve “nenhum retorno” de que alguém ligado à organização tenha participado neste tipo de evento” no Porto.

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Um residente na casa invadida no Porto mostra uma imagem da casa após o ataque Paulo Pimenta (arquivo)
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Mário Machado, militante da extrema-direita, divulgou esta segunda-feira uma mensagem áudio na plataforma Telegram do Grupo 1143, que se assume como um movimento nacionalista e patriótico, em que não exclui que membros da organização possam estar ligados aos ataques contra imigrantes na semana passada no Porto.

Apesar disso, Machado, que fala na qualidade de porta-voz do grupo, afirma que o movimento “auscultou” alguns dos seus membros, e, até ao momento, não teve “nenhum retorno” de que alguém ligado à organização tenha participado neste tipo de evento”, no Porto.

“Se houve uma ou mais pessoas ligadas àquilo a que eles chamam ‘extrema-direita’ envolvidas nesse incidente, nós lamentamos pelas pessoas e pelas suas famílias, porque o sistema vai ser implacável para quem tenha cometido aquele tipo de crime”, afirma Mário Machado num discurso de 24 minutos. E continua realçando que, se assim for, as penas vão ser exemplares e que os prevaricadores vão ser afastados das suas famílias. “Eles serão as primeiras vítimas a lamentar”, considera.

Mário Machado mostrou-se convicto de que ninguém do grupo 1143 ou de qualquer outra organização nacionalista patriota se envolveu no ataque aos imigrantes, nomeadamente porque o movimento tem “auscultado” os seus militantes, principalmente os da região norte, e não teve “nenhum retorno, nenhum feedback de que alguém tenha participado neste tipo de evento”. Mas, mesmo que tenha havido membros do grupo envolvidos, Machado sustenta que tal não compromete o colectivo. “Se houve uma, duas, três pessoas que se identificam com o 1143, o 1143 não tem nada que ver com isso, tal como não tem o PSD quando um seu militante faz um disparate qualquer”, sustenta.

Dá a “palavra de honra” de que não conhece que haja alguém do movimento envolvido na invasão de uma casa onde vivem 11 imigrantes, a maior parte argelinos, que foram atacados por um grupo munido de bastões, paus e facas. “Nem eu nem ninguém podemos dizer se temos ou não alguém envolvido. Esperemos que não”, diz. Remata que espera que no final se prove “que foram imigrantes contra imigrantes”, o que diz “seria o ideal” e sublinha que, enquanto grupo, o 1143 “não tem nada que ver com isto”.

Sobre o movimento, conhecido pela sua ideologia neonazi, Mário Machado diz que tem cerca de 3000 membros, sem contar com os simpatizantes, em que se incluem, precisa, membros de várias claques de futebol e elementos das forças policiais. “Somos a maior organização nacionalista de que há memória desde o 25 de Abril”, sublinha num tom de orgulho. No Telegram, o grupo conta com mais de 3200 subscritores.

O porta-voz assegura que o movimento nunca apelou ao cometimento de crimes e respeita a Constituição, ainda que não concorde com alguns aspectos da mesma. E dá como exemplo a manifestação contra o islão que quiseram organizar na zona do Martim Moniz, em Lisboa, que foi proibida pelas autoridades, uma decisão confirmada por um tribunal administrativo. Apesar de não concordarmos, respeitámos a decisão e não fizemos a manifestação”, diz Machado.

Acabaram por organizar outro protesto, no Porto, contra a imigração no mês passado.

Mário Machado esteve ligado a diversas organizações de extrema-direita e neonazis em Portugal, como a Irmandade Ariana e o Portugal Hammerskins, a ramificação portuguesa de um dos principais grupos supremacistas brancos dos Estados Unidos. O nacionalista tem no registo criminal várias condenações por crimes de ódio, entre as quais a sentença, em 1997, a quatro anos e três meses de prisão pelo envolvimento na morte, por um grupo de skinheads, do português de origem cabo-verdiana Alcindo Monteiro na noite de 10 de Junho de 1995.

Em 2012, a Justiça fixou-lhe uma pena única de prisão de 10 anos, em cúmulo jurídico, na sequência de condenações a prisão efectiva em três processos, que incluíam os crimes de discriminação racial, ofensa à integridade física qualificada, difamação, ameaça e coação a uma procuradora da República e posse de arma de fogo.

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