Xi Jinping chega a França para a primeira visita à Europa em cinco anos
Presidente chinês aterra este domingo em Paris numa altura em que os 27 estão divididos em relação à China. Chanceler alemão alegou compromissos anteriores para não se juntar a Macron e Von der Leyen.
O Presidente francês, Emmanuel Macron, vai muito provavelmente pedir ao Presidente chinês, Xi Jinping, que chega a Paris este domingo para uma rara visita, a reduzir os desequilíbrios comerciais e a usar a sua influência junto da Rússia em relação à guerra na Ucrânia.
É improvável que as esperanças de Macron sejam satisfeitas numa altura em que se multiplicam as disputas comerciais entre a Europa e a China.
A França está a apoiar uma investigação da União Europeia às exportações chinesas de veículos eléctricos e, em Janeiro, Pequim abriu uma investigação às importações de brandy, na sua maioria de fabrico francês, uma medida amplamente vista como uma retaliação por um conjunto crescente de investigações da UE.
"Queremos obter reciprocidade nas trocas comerciais e que os elementos da nossa segurança económica sejam tidos em conta", disse Macron numa entrevista ao jornal francês La Tribune, no domingo, antes da visita de dois dias de Xi, a sua primeira viagem à Europa ocidental em cinco anos.
A chegada de Xi está prevista para as 16h (15h em Portugal continental). As suas reuniões oficiais incluirão conversações com Macron e com a chefe da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.
Os 27 Estados-membros da UE, nomeadamente a França e a Alemanha, estão divididos quanto à sua atitude em relação à China. O chanceler alemão, Olaf Scholz, não se juntará a Macron e Xi em Paris devido a compromissos anteriores, disseram as fontes.
"Na Europa, não somos unânimes sobre o assunto porque alguns actores continuam a ver a China como um mercado de oportunidades", disse Macron, sem nomear nenhum país. Estas divisões podem minar a capacidade da UE de influenciar o gigante asiático.
A França também procurará fazer progressos na abertura do mercado chinês às suas exportações agrícolas e resolver questões relacionadas com as preocupações da indústria cosmética francesa sobre os direitos de propriedade intelectual, disseram as autoridades.
A França tem procurado levar a China a pressionar Moscovo a suspender as operações na Ucrânia, com poucos progressos para além da decisão de Xi de telefonar pela primeira vez ao Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, pouco depois de Macron ter visitado Pequim no ano passado.
"Se os chineses pretendem aprofundar as relações com os parceiros europeus, é muito importante que ouçam o nosso ponto de vista e comecem a levá-lo a sério", disse uma fonte diplomática francesa.
Na terça-feira, Macron levará Xi aos Pirinéus, uma região montanhosa que lhe é muito querida por ser o local de nascimento da sua avó materna.
De seguida, o Presidente chinês visitará a Sérvia e a Hungria, países amigos da Rússia. Reuters