As fortes chuvas que atingiram o estado brasileiro do Rio Grande do Sul nesta semana mataram pelo menos 55 pessoas, informaram as autoridades locais na noite de sábado. Dezenas continuam desaparecidas.
A Defesa Civil do Rio Grande do Sul informou que 74 pessoas ainda estão por localizar e que mais de 69 mil foram desalojadas. As tempestades dos últimos dias afectaram quase dois terços das 497 cidades do estado, que faz fronteira com o Uruguai e a Argentina. Outras sete mortes, sob investigação, poderão estar relacionadas com o mau tempo.
As inundações destruíram estradas e pontes em várias regiões do estado. A tempestade também provocou deslizamentos de terra e o colapso parcial de uma barragem de uma pequena central hidroeléctrica. Uma segunda barragem, na cidade de Bento Gonçalves, também corre o risco de colapsar, segundo as autoridades.
Em Porto Alegre, capital do Rio Grande do Sul, o lago Guaíba transbordou, inundando ruas. O aeroporto internacional da cidade suspendeu todos os voos por tempo indeterminado.
O governador do estado, Eduardo Leite, disse aos jornalistas na noite de sábado que o Rio Grande do Sul precisaria de um "Plano Marshall" para recuperar da catástrofe, referindo-se ao plano de recuperação económica da Europa que os Estados Unidos financiaram após a Segunda Guerra Mundial.
O Presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, que visitou o Rio Grande do Sul na quinta-feira, regressará ao estado no domingo para acompanhar as operações de socorro que ainda prosseguem, disse no sábado o seu chefe de comunicação, Paulo Pimenta. Lula disse na rede social X que o seu governo está em constante contacto com as autoridades estaduais e municipais para apoiar a região no que for preciso.
A previsão meteorológica mais actualizada é de chuvas no Norte e Nordeste do estado até domingo, mas o volume de precipitação vem diminuindo e deve ficar bastante abaixo do pico registado no início da semana, segundo informa a Secretaria Estadual de Meteorologia. Ainda assim, "os níveis de água dos rios devem manter-se elevados durante alguns dias", disse Leite no sábado.
O Rio Grande do Sul está localizado num ponto de encontro geográfico entre as atmosferas tropical e polar, o que cria um padrão climático com períodos de chuvas intensas e outros de seca. Os cientistas locais acreditam que o padrão tem vindo a intensificar-se devido às alterações climáticas.