SOS Racismo denuncia ataques de milícia racista e convoca manifestação no Porto

Nos últimos dias, “um grupo organizado de pessoas constituiu uma milícia para invadir casas e atacar imigrantes na cidade do Porto”, utilizando bastões, paus e facas.

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SOS Racismo Nuno Ferreira Santos
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O SOS Racismo condenou a agressão racista na madrugada de sábado no Porto e convoca para as 22h uma manifestação de solidariedade no Campo de 24 de Agosto como "gesto de solidariedade para com os imigrantes, especialmente aqueles que foram alvo de recentes ataques violentos". Apela ainda ao Presidente da República e a todos os políticos que "condenem inequivocamente toda esta violência e que tomem as medidas necessárias para que as instituições democráticas funcionem, e, em especial, para que a Comissão Para a Igualdade e Contra a Discriminação Racial funcione".

Segundo o SOS Racismo, nos últimos dias, "um grupo organizado de pessoas constituiu uma milícia para invadir casas e atacar imigrantes na cidade do Porto", utilizando bastões, paus e facas. "Este grupo espancou várias pessoas imigrantes, dentro das suas casas. Os ataques foram planeados e devidamente organizados, para espalhar o terror e atacar o maior número de imigrantes possível. As habitações foram destruídas e várias pessoas tiveram de receber tratamento hospitalar", relata o SOS em comunicado.

"O SOS Racismo condena esta onda de violência racista extrema, que se tem vindo a intensificar nos últimos tempos" e está "solidário com todas as vítimas de racismo e xenofobia". "Estamos ao lado das pessoas imigrantes e racializadas, sempre e a qualquer hora. E tudo faremos para as proteger e para que os autores dos actos criminosos, racistas e xenófobos sejam levados a tribunal e julgados pelos crimes cometidos", lê-se.

A organização alerta que "são muitos, são demasiados os casos de violência racista e xenófoba – e não acontecem no vazio". "Estes grupos actuam de forma concertada, porque se sentem legitimados pelo discurso de ódio da extrema-direita e por narrativas e discursos populistas e racistas de altos responsáveis políticos, que têm vindo a fazer associações falsas entre a criminalidade e a imigração, fornecendo o combustível necessário para alimentar a violência contra imigrantes e legitimar milícias racistas e xenófobas", sublinha, criticando também a "passividade do Estado no combate ao racismo e à xenofobia", nomeadamente, o facto de a Comissão para a Igualdade e Contra a Discriminação Racial estar sem funcionar desde Outubro de 2023.

"O que se passou nos últimos dias no Porto foi uma caça a homens, mulheres e crianças. Assistimos a práticas milicianas motivadas pelo ódio racial e xenófobo, típicas de grupos assassinos de extrema-direita. Não podemos voltar aqui – nunca mais!", insiste o SOS Racismo, que termina com um apelo a que todas as pessoas "parem para pensar sobre o momento em que nos encontramos".

O Jornal de Notícias avançou este sábado que um grupo de homens encapuzados, armados com bastões, facas e uma arma de fogo, invadiu na sexta-feira uma casa onde vivem imigrantes, no Porto, para os "espancar, destruir o recheio da habitação e proferir insultos racistas". E acrescenta que na madrugada de ontem foram registados três ataques a cidadãos de origem magrebina no centro da cidade.

O SOS Racismo lembra outros casos de agressões recentes a imigrantes, como "o assassinato de Gurpreet Singh, indiano, morto a tiro em sua casa, em Setúbal, por uma milícia racista; o grupo de jovens em Olhão que agrediu imigrantes indianos e nepaleses; os guardas da GNR que foram condenados pelo Tribunal de Beja por ofensas à integridade física qualificada e sequestro agravado de imigrantes em Odemira; as numerosas vítimas de exploração em propriedade agrícolas no Alentejo; os incêndios em Lisboa que provocaram dois mortos de nacionalidade indiana; as agressões a imigrantes do Brasil em Vila Nova de Gaia e no Porto; ou a morte de Ademir Araújo Moreno, cabo-verdiano, na sequência de um ataque racista e xenófobo, na ilha do Faial.".

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