“Lento”? Costa devolve crítica a Marcelo, acusando-o de “menos ponderação”

António Costa diz não ter ficado ofendido com observação do Presidente da República.

presidente-republica,marcelo-rebelo-sousa,politica,antonio-costa,ps,governo,
Fotogaleria
O ex-primeiro-ministro António Costa Daniel Rocha
presidente-republica,marcelo-rebelo-sousa,politica,antonio-costa,ps,governo,
Fotogaleria
António Costa nesta sexta-feira no programa "Dois às 10", de Cristina Ferreira
Ouça este artigo
00:00
03:21

O ex-primeiro-ministro, António Costa, devolveu esta sexta-feira a crítica que lhe dirigiu o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, durante um jantar com jornalistas estrangeiros, dizendo que este era "lento por ser oriental": "Como sabe, sou um optimista e, portanto, vejo sempre o lado bom. Interpretei essas palavras como sendo um elogio, de uma forma ponderada de estar na vida e de exercer a vida política".

Em declarações à CNN Portugal, o ex-secretário-geral do PS adiantou que as afirmações de Marcelo poderão ter sido "uma certa autocrítica por não ter esta costela oriental e, muitas vezes, haver menos ponderação por parte do senhor Presidente".

"Os primeiros-ministros têm uma função, o Presidente da República tem outras. Sendo da mesma família política gera necessariamente tensões, sendo diferentes famílias políticas, gera também necessariamente pontos de divergência, o que é absolutamente normal e nunca feriu as nossas relações pessoais", considerou, acrescentando que não se sentiu ofendido.

"Não, não, não [fiquei ofendido]. Tenho uma relação com o professor Marcelo Rebelo de Sousa. Há quase 40 anos foi meu professor e, quando cada um exercia a sua actividade privada, colaborámos profissionalmente. Depois, tivemos sempre relações cordiais quer fora de funções, quer no exercício de funções. Nunca foi para nós surpresa haver divergências entre nós, porque isso faz parte da vida", disse.

"Não tenciono fazer comentários." Foi desta forma que António Costa, antigo primeiro-ministro, recusou comentar as questões de justiça e o manifesto subscrito por 50 personalidades de diversos sectores em defesa de um "sobressalto cívico" que acabe com a "preocupante inércia" dos agentes políticos relativamente à reforma da Justiça.

Costa: MP tem de ir ao Parlamento prestar informações

Nas mesmas declarações CNN, António Costa disse ainda que "não faz sentido" que a discussão sobre o caso Influencer se faça na Assembleia da República. "Eu fazia uma distinção. Primeiro, sobre a actividade do Ministério Público, que tem de prestar informações. Creio, aliás, insisto, que já se prevê na lei que haja um relatório anual que é apresentado à Assembleia da República e a Assembleia da República é que decidirá como é que o aprecia", começou por explicar o ex-primeiro-ministro.

Costa continuou: "Em segundo lugar, relativamente a processos concretos que estejam em curso, eu acho que o local próprio da apreciação é nos tribunais e é nos tribunais que eles devem ser apreciados e não numa entidade política. Acho que isso é o que a Constituição enuncia. Eu acho que isso é um princípio muito claro sobre a separação e interdependência dos poderes, o que significa que nenhum poder é totalmente independente, todos são interdependentes uns dos outros, a forma como essa interdependência se exerce, essa necessariamente varia sem sacrificar aquele valor da independência".

De resto, o ex-líder do executivo defendeu que "há várias formas que o poder político tem, a Assembleia da República tem relativamente à definição da política criminal, desde logo no momento da definição, porque aprovam a lei de prioridade de investigação criminal – é a Assembleia que a aprova". Costa insistiu ainda que "a lei prevê que anualmente o Ministério Público apresente num relatório da sua actividade à Assembleia da República. Se a Assembleia da República o discute em profundidade ou sem profundidade, ouvindo a procuradora-geral ou não ouvindo a procuradora-geral, isso é uma matéria da competência da Assembleia da República".

Sugerir correcção
Ler 71 comentários