Maria João e Carlos Bica estão de volta aos palcos com o projecto Close To You

Gravado em disco em 2023, o reencontro da Maria João com o contrabaixista Carlos Bica está de regresso aos palcos nacionais com uma dezena de concertos na agenda.

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Carlos Bica e Maria João nos anos 80, tal como surgem na capa do disco DR
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Conheceram-se nos anos 80 do século passado, começaram por tocar juntos na Alemanha e muitos anos passados retomaram essa parceria, num projecto a que deram o nome de Close To You. Maria João e Carlos Bica, ela cantora e ele contrabaixista, voltaram a tocar juntos a partir de 2019 e desse reencontro nasceu um disco gravado ao vivo e uma série de concertos que retomam agora, a começar esta terça-feira no Auditório Municipal de Albufeira (21h30), nas celebrações do Dia Internacional do Jazz. Seguir-se-ão, em Junho, Mealhada (dia 29) e Seia (dia 30); em Agosto Palmela (dia 17); em Setembro Montijo (dia 13) e Fundão (dia 27); em Outubro Vila Real (dia 3) e Gaia (dia 30); e em Dezembro Arcos de Valdevez (dia 7).

Close To You, o disco, inclui oito temas, gravados entre Novembro de 2019 e Setembro de 2021 em, por esta ordem, Badajoz, Sevilha, Las Palmas, Tavira e Sintra. Temas que vão do Woodstock de Joni Mitchell ao What a wonderful world que Louis Armstrong celebrizou, passando pelos Beatles (Norwegian wood), John Lennon (Oh my love), Burt Bacharach (Close to you) e temas dos repertórios de João (Acute angles) e Bica (Valsa B e Iceland). Além de Maria João (voz) e Carlos Bica (contrabaixo), participaram nas gravações João Farinha (piano, teclados), André Santos e Gonçalo Neto (ambos na guitarra eléctrica). Nos concertos de agora, com João e Bica estarão João Farinha e Mário Delgado (guitarra).

“Conheci o Bica num programa do Villas-Boas, na televisão”, diz Maria João ao PÚBLICO, recordando como se deu o primeiro contacto entre ambos. “Era o Clube de Jazz, onde eu fazia a apresentação. O programa tinha convidados e um deles foi o Bica, que eu não conhecia e passei a conhecer. Ele morava na Alemanha, onde ainda mora, e quis levar-me para lá.” Nessa altura, ela tinha apenas um disco, Quinteto Maria João, editado pela Rádio Triunfo em 1983, Carlos Bica arranjou-lhe um contrato e começaram a tocar juntos.

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Maria João (voz) e Carlos Bica (contrabaixo) entre João Farinha (piano) e André Santos (guitarra eléctrica) durante o primeiro concerto da dupla, em Badajoz (Novembro de 2019) DR

“A primeira tournée que fiz na minha vida foi justamente na Alemanha, em 1985”, diz Maria João. “Teve 26 concertos em quatro semanas. Eu caída do céu aos trambolhões e de repente a fazer uma tournée daquelas, por clubes, pequenos concertos. Foi uma violência mas foi incrível, correu muito bem e no mesmo ano, no Outono, voltámos a fazer outra. Estivemos nisso durante quatro anos, até chegar ao Grupo Cal Viva [e ao disco Sol, lançado em 1991 e gravado com Maria João, Carlos Bica, Mário Laginha, José Peixoto e José Salgueiro].”

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Capas dos discos Sol (1991) e Close To You (2023)

Depois, cada qual seguiu o seu caminho, mantendo contactos esporádicos. Carlos Bica formou o trio Azul, com Frank Möbus e Jim Black, e Maria João iniciou uma frutuosa e duradoura parceria com Mário Laginha. Até que, muito mais tarde, em 2019, Carlos Bica esteve no Hot Clube a assistir a um concerto de Maria João e esse novo encontro reacendeu a chama da antiga parceria musical. “Porque não fazer música outra vez juntos?”, recorda ela. E deitaram mãos à obra. Carlos Bica recorda, ao PÚBLICO, como foi esse recomeço:

“Perguntei: ‘Então o que é que podemos tocar?’ E a Maria João: ‘Burt Bacharach!’ E eu disse: ‘É isso mesmo’. Porque também gosto muito.” Os temas, diz, “foram surgindo nos ensaios, com sugestões de ambos os lados”, e foram fruto de um gosto partilhado. “Como cada um de nós seguiu percursos muito diferentes, o problema era saber onde nos podíamos encontrar musicalmente para ficarmos satisfeitos. E as escolhas foram do agrado geral.”

Além disso, Carlos Bica quis puxar mais por uma das facetas de Maria João: “Tentei ouvir, e ter, a Maria João como cantora da maneira que eu mais gosto dela. Quando a conheci, as críticas que saíam sobre ela na Alemanha, onde começámos a tocar, falavam sempre dela como um vulcão. Esse lado criativo, de improvisadora, foi o que tentei ter aqui e o registo ao vivo é a melhor maneira de captar essa energia que a João é mestra em passar para o público. Há pessoas que a conhecem numa vertente diferente daquela que fazemos e gostam muito desta Maria João. E voltar a estas canções antigas é bom para muitas pessoas.” Maria João confirma o gosto de ambos por Burt Bacharach: “Das primeiras músicas em que pensámos foi justamente Close to you. Porque sou uma fã do Burt Bacharach e ele também. Procurámos aquelas músicas mais ligada aos anos 80, quando começámos nesta aventura.”

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