Gonçalo Ramos deixou o PSG como campeão virtual

Empate com o Le Havre deixa parisienses à beira do seu 12.º título na Ligue 1. Mbappé começou no banco e entrou na segunda parte, mas seria o internacional português a marcar o golo do empate.

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Gonçalo Ramos marcou o 3-3 no tempo de compensação Gonzalo Fuentes / REUTERS
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O PSG, tal como nos habituamos a ele, vai acabar. Aquela equipa que chegou a ser uma nova versão dos “galácticos” vai ficar mais “leve” no final da época, com a saída garantida e irrevogável de Kylian Mbappé, que será, sem grande discussão, o melhor futebolista da actualidade. E a saída dele (não se sabe ainda para onde, mas quase de certeza para o Real Madrid) vai marcar o fim de uma era e o início de outra. Fica sem os benefícios óbvios de ter o melhor jogador do mundo e alguém de impacto global, mas também se liberta da bagagem do “fica, não fica” que se vinha repetindo nos últimos anos. E fica com espaço para outros, como Gonçalo Ramos.

O PSG podia ter garantido neste sábado o seu 12.º título de campeão. Para que tal acontecesse, só precisava de ter vencido em casa o antepenúltimo classificado da Ligue 1, o Le Havre, mas saiu do jogo com apenas um ponto – empate 3-3 e adiou a festa. Esse título será uma questão de tempo porque a vantagem pontual sobre o segundo classificado é praticamente irrecuperável. O PSG chegou aos 70 pontos e ficou 12 à frente do Mónaco, que defronta neste domingo o Lyon.

Mesmo que os monegascos ganhem os seus quatro jogos e os parisienses saiam derrotados dos três que faltam (e ambos ficariam com 70 pontos), o primeiro critério de desempate é a diferença de golos. E, neste aspecto, a equipa de Luis Enrique tem uma vantagem gigante (+47) face ao Mónaco (+18). Ou seja, o PSG só precisa de mais um ponto, seja ele ganho por si ou perdido pelo Mónaco para ser campeão – pode até fazer a festa neste domingo, se o Mónaco perder ou empatar.

A quase inevitabilidade de mais um título, mais a viagem a Dortmund a meio da semana para a primeira mão do jogo com o Borussia, fez com que Luis Enrique abdicasse de Mbappé no “onze” – já o fizera várias vezes durante a época, desta vez tinha desculpa. E o PSG, com Danilo Pereira e Vitinha no “onze”, não jogou como uma equipa que estava à beira de ser campeã. Pelo contrário, o Le Havre, que talvez não esperasse tirar nada desta visita a Paris, deu tudo, sem complexos e sem medo, e esteve bem perto de um escândalo maior, mas o empate já ajuda um bocadinho na luta pela manutenção – chegou aos 29 pontos e afastou-se ligeiramente da zona perigosa.

O escândalo começou a desenhar-se aos 19’, com um golo do lateral marfinense Operi, mas os parisienses nivelaram pouco depois, aos 29’, com um golo do jovem Bradley Barcola, um dos jovens que pode ganhar protagonismo em 2024-25. Só que os visitantes foram para o intervalo a vencer, graças a um remate bem colocado do veterano Andre Ayew aos 38’. E, em desvantagem, o técnico asturiano do PSG lá se rendeu à evidência que teria de meter em campo o seu melhor jogador.

Mbappé entrou no início da segunda parte, tal como Mayulu e Lee, mas teve impacto quase nulo no jogo. Foi até o Le Havre a aumentar a sua vantagem com um penálti convertido aos 61’ por Touré, depois de uma falta de Danilo sobre Nego. Logo a seguir, Enrique faz a substituição que mudaria o jogo. Tirou Marquinhos, meteu Gonçalo Ramos e o português teve um impacto decisivo na partida. Foi dele o passe que resultou no golo de Hakimi aos 78’ e, já em tempo de compensação, marcou o golo do empate, com um cabeceamento poderoso e preciso para o 3-3.

Foi o 14.º golo do avançado português com a camisola do PSG e será ele um dos que terá de compensar a saída de Mbappé. Ele, mais os seus compatriotas Vitinha, Nuno Mendes e Danilo. Mais Dembélé, Kolo Muani, Emery, Mayulu e outros que o PSG irá comprar durante o próximo defeso para que não se note muito a falta daquele que é, a larga distância o seu melhor marcador de sempre – leva 255 golos, mais 55 que Cavani e mais 99 que Zlatan Ibrahimovic.

Feitas as contas ao legado de Mbappé no PSG, onde chegou em 2017 proveniente do Mónaco por 180 milhões de euros, não há uma única medida para avaliar o sucesso. Mbappé não fez do PSG um clube mais rico – o dinheiro do Qatar trata disso – e não foi apenas por ele que a equipa passou a ser o campeão crónico em França – já ganhavam antes de ele chegar.

Mas Mbappé deu uma dimensão global ao clube, mais até que Neymar e Messi, que nunca fizeram verdadeiramente parte da família. É que Mbappé era um miúdo dos subúrbios de Paris que sonhava em jogar no PSG. Sonho cumprido. E ainda pode chegar à tão desejada Champions. Depois, vai-se embora.

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