Mais de dez mil pessoas pedem a Sánchez para não se demitir em manifestação em Madrid

Pedro Sánchez, que não é visto em público nem fez qualquer declaração pública desde que na quarta-feira revelou estar a pensar demitir-se, prometeu uma comunicação ao país na próxima segunda-feira.

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Milhares de pessoas concentraram-se nas imediações da sede nacional do PSOE, em Madrid Violeta Santos Moura / REUTERS
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Mais de dez mil pessoas, segundo o Partido Socialista de Espanha (PSOE) e as autoridades locais, manifestaram-se este sábado, em Madrid, para pedir ao presidente do Governo do país, Pedro Sánchez, para não se demitir.

Milhares de pessoas concentraram-se durante a manhã nas imediações da sede nacional do PSOE, em Madrid, com bandeiras do partido e cartazes com frases como "Sim, continua" ou "Pedro, não te rendas", respondendo ao apelo de dirigentes socialistas à mobilização e a manifestações públicas de apoio ao líder do partido e do Governo espanhol, que disse na quarta-feira estar a pensar demitir-se.

A manifestação mobilizou cerca de dez mil pessoas, segundo o PSOE, e cerca de 12.500, segundo a Delegação do Governo na Comunidade Autónoma de Madrid (a entidade que autoriza as manifestações e organiza os dispositivos de segurança).

A concentração foi formalmente organizada pelo PSOE, mas nas redes sociais e plataformas de mensagens. Estruturas regionais do PSOE disseram que, a pedido de grupos de militantes, foram alugados mais de cem autocarros em todo o país para levar pessoas até Madrid.

A manifestação decorreu enquanto dentro do edifício decorria uma reunião da Comissão Federal do PSOE, máximo órgão do partido entre congressos, mas sem a presença de Pedro Sánchez, que não é visto em público nem fez qualquer declaração pública desde que na quarta-feira revelou estar a pensar demitir-se, prometendo uma comunicação ao país na próxima segunda-feira.

Ministros e dirigentes do PSOE asseguraram que esta foi uma decisão pessoal de Sánchez, que não consultou previamente outros membros do Governo ou do PSOE e que desde então também não houve reuniões privadas.

A reunião da Comissão Federal do PSOE foi uma manifestação de apoio ao líder do partido, para o tentar convencer a permanecer à frente do Governo espanhol, em linha com mensagens, apelos e outras iniciativas de ministros, autarcas e presidentes regionais nos últimos dias.

A manifestação deste sábado em Madrid decorreu com gritos de apoio a Sánchez e à mulher, Begoña Gómez, que o chefe de Governo e dirigentes socialistas dizem estar a ser vítima de ataques pessoais em campanhas de desinformação na internet que os partidos da direita e extrema-direita espanholas levam para o debate político.

"Fica" e "Não passarão" foram algumas das palavras e frases gritadas na manifestação.

A reunião da Comissão Federal do PSOE foi transmitida em ecrãs e altifalantes instalados na rua da sede nacional do partido, onde estavam concentrados os manifestantes.

O encontro arrancou com a vice de Sánchez no Governo e no partido, Maria José Montero, a denunciar uma "guerra suja" da direita e extrema-direita contra o presidente do Governo e a sua família, baseada em campanhas de desinformação que comparou a outras ocorridas no Brasil, Estados Unidos, Argentina e "muitos países europeus".

"Presidente, fica. Pedro, fica. Estamos contigo. Em frente!", disse Maria José Montero.

Pedro Sánchez revelou que pondera demitir-se no dia em que um tribunal confirmou a abertura de um “inquérito preliminar” por alegado tráfico de influências e corrupção da sua mulher, Begoña Gomez, na sequência de uma queixa de uma organização conotada com a extrema-direita e que o Ministério Público já pediu para ser arquivada por falta de fundamento.

O líder do PSOE e do Governo espanhol disse que ele próprio e a mulher estão há meses a ser vítimas da “máquina de lodo” da direita e da extrema-direita (Partido Popular e Vox), com ataques pessoais, e que não sabe se vale a pena continuar nos cargos.

O PP e o Vox acusam-no de estar a vitimizar-se e a fazer “um espectáculo” que envergonha o país internacionalmente, para desviar as atenções de suspeitas de corrupção e para fazer campanha eleitoral em véspera de várias eleições.