Proibir telemóveis nas escolas sem ouvir alunos “não é solução”

Especialistas defendem que, antes de tomar qualquer decisão, é sempre melhor ouvir os miúdos primeiro, até para os responsabilizar e levar a cumprir a decisão.

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Alunos devem ser ouvidos antes de se proibir telemóveis nas escolas Daniel Rocha
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A proibição dos telemóveis nas escolas sem ouvir os alunos é criticada por alguns especialistas, que defendem que os jovens podem ajudar a encontrar as melhores soluções para os manter ligados tanto à escola como à Internet.

Em declarações à agência Lusa a propósito da Semana do Bem-Estar Digital, que arranca na segunda-feira, o especialista em uso de tecnologias de informação por crianças e jovens e fundador do projecto MiudosSegurosNa.Net, Tito de Morais, considerou que o melhor é sempre ouvir os jovens primeiro, antes de qualquer decisão, até para os responsabilizar e levar a cumprir a decisão.

Também Cristiane Miranda, que tem mais de 20 anos de experiência nesta área e é mentora do projecto Teen On Top - Coaching para Jovens, defende: "Achamos que [proibir] não é melhor solução".

"Não é a melhor solução dizer que o Estado tem de vir regulamentar e proibir pura e simplesmente o uso do telemóvel nas escolas", afirmou a especialista, acrescentando: "quando vamos às escolas e falamos com os alunos, eles têm muito para dizer e têm soluções".

E explica: "Cada escola é soberana para decidir o que deve fazer, mas ouvindo todos os intervenientes, desde os professores, pessoal docente, pessoal não docente e os próprios alunos e ver quais são as melhores soluções".

A especialista contou ainda uma das conversas com um dos jovens de uma escola que o projecto visitou. "Perguntámos se devia ser proibido e o jovem respondeu: "Depende do tempo. Quando está sol, podemos estar lá fora, correr, jogar à bola e fazer outras coisas, mas quando chove temos de ficar dentro do pavilhão e não podemos falar, temos de ficar aqui sentados e ninguém nos deixa fazer nada e aí temos de usar os telemóveis."

Insiste que, quando os jovens são envolvidos na solução, "aceitam-na melhor e aderem para cumpri-la".

Além disso, afirma, "se apenas proibirmos também não os ensinamos a usar bem estas tecnologias".

Este tema vai ser alvo de discussão na conferência internacional que decorre nos dias 3 e 4 de Maio na Fundação Cupertino de Miranda (Porto), no âmbito da Semana do Bem-Estar Digital.

O debate sobre o uso dos telemóveis nas escolas contará com a presença de representantes da Associação Nacional de Directores de Agrupamentos e Escolas Públicas (ANDAEP), da Confederação Nacional das Associações de Pais e da autora de Mónica Pereira, autora de uma petição que pede o fim dos telemóveis nos recreios do 5.º e do 6.º ano e que já foi assinada por mais de 22 mil pessoas.