O debate sobre reparações em Portugal “é sobretudo produto de oportunismos políticos”

A propósito das declarações de Marcelo Rebelo de Sousa de que o país deve “pagar os custos” da escravatura, o historiador Miguel Jerónimo acha que este debate só peca por tardio.

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Miguel Bandeira Jerónimo dr
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Depois de no ano passado ter assumido que Portugal deveria pedir desculpas pelo seu papel no colonialismo, e sem nunca ter chegado a fazê-lo formalmente, o Presidente da República veio agora falar em pagar indemnizações às antigas colónias pelos danos causados pela escravatura e pelo colonialismo. Muito diferentes das declarações que fez em 2017, na ilha de Gorée (Senegal) -importante entreposto do comércio de escravizados, de fundação portuguesa -, quando optou por falar da abolição (parcial, note-se) da escravatura no tempo do Marquês de Pombal, estas afirmações são para muitos "irresponsáveis" ou, na melhor das hipóteses, "tardias". Pedimos ao historiador Miguel Bandeira Jerónimo, que muito tem escrito sobre colonialismo, que analisasse as palavras de Marcelo Rebelo de Sousa. Este professor na Universidade de Coimbra acredita que para se ir mais longe neste debate em Portugal, "falta investigação histórica, imaginação jurídica e determinação política".

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